quarta-feira, 19 de dezembro de 2018

Assim vai o Natal.



Não é por mal o "nascer" que o homem quer; as luzes e os brilhos da cidade, um bocadinho de felicidade, a alegria. A fantasia de se ser. O ter, inevitável - um pequeno aconchego do excesso, e o Menino, usado, chutado, esquecido. Sempre um turbilhão de gente, na quadra do Menino. Haverá também, a lembrança, esse despertar do propósito, o querer de uma Luz que aquece os corações. 
E assim é Natal. 
Assim vai o Natal.




terça-feira, 11 de dezembro de 2018

Antes que chegue o Inverno.





Agarra-se o Outono às cores fortes, 
aos laranjas dos pássaros
 e dos frutos. 
Dos chãos surpreendentes. 
É todo um brotar colorido, 
antes que chegue o inverno. 




quinta-feira, 29 de novembro de 2018

A tranquilidade de um minuto.



Dias em que as águas sobem a correr na pressa de abraçar as árvores velhas, limpando passos, quiçá os meus. Fugazes momentos dos espelhos, a luz de cenário idílico. Mérito do primeiro sol que transforma o frio no ameno, e o escuro num olhar áureo. É o ´locus amoenus´ de um minuto. Com sorte, uma Garça* em terra, e o bucólico acentua-se como paisagem absoluta.

*Garça-branca-pequena (Egretta garzetta)






terça-feira, 20 de novembro de 2018

Soberba morte.




É o fim, a asfixia. 
O desmanchar da bainha, o correr do fio. 
E o desprendimento, é soberba morte. 
Fólio, sim.  Folha, se quiserem, nesta cor que me define. 
Improvável. 
Rosa, escarlate, laranja,
 e o vento, que  sepulta a cor. 
Sou árvore que me dispo, 
e vocês,
 os loucos, que olham os restos de mim.

terça-feira, 6 de novembro de 2018

Novembro.



Fechar a porta de casa e ir para lá da última estrada. Deixar o asfalto, pisar o chão de terra, pisar as lamas e atolar o coração nos afetos da chuva e da pouca luz que têm estes dias de novembro. Folhear a floresta e fundir o olhar com a tecnologia - trazer para casa fotografias como ilustrações vivas; brutas e mágicas visões. Beleza e perigo. Belo e feio. Doce e veneno. A vida e a morte. Afinal, assim são também quase todos os contos para crianças e abrem-se-lhes os sonhos e as dúvidas.







quarta-feira, 24 de outubro de 2018

Momentos de outono na floresta



Manhãs pálidas de brumas finas, sem podermos ver a nitidez das coisas. Contornos de aparências sublimes, e até de encantamento, ou então, a nitidez dos verdes frescos e orvalhados, tenros e primeiros. Também tardes de sol, e chãos de rosa urze, a fazer lembrar um agasalho - o conforto. Um sol de outono com um poder enorme de dourar, não de envelhecer.


domingo, 21 de outubro de 2018

Birdwatching (3)



A observação de aves torna-se um vício. Um bom vício. E depois, a envolvência é tão grande que o tempo corre, e como corre! Muito. Outubro, é o mês das migrações e tudo voa para o Sul. Entretanto, antes de lá chegarem, existe um caminho a percorrer, e de Agosto a Novembro eles misturam-se com os residentes.

Fotografia 1
  • A Fuinha-dos-juncos, é residente; pequenina, gosta de searas de ervas altas. É difícil de encontrar quando se esconde na vegetação.
Fotografia 2 e 3
  • O Papa-moscas-preto, é um dos que está de passagem. Setembro é a melhor altura para a observação. É um fofo, e por esta altura, estão uns gorduchos. Uns fofos!
Fotografia 4 e 5
  • O Papa-moscas-cinzento, à semelhança do preto, também está de passagem. É um migratório outonal com o estatuto de conservação, quase ameaçado em Portugal.

(com a orientação do Portal - aves de Portugal)





domingo, 14 de outubro de 2018

Neblina




Não há filtro para esta realidade.
Espessa, turva, desfocada.
É a cortina de sombras
A neblina da madrugada
A magia da hora.






segunda-feira, 8 de outubro de 2018

Todos fossem assim, felizes.




Para eles não há fora do sítio. 
Tudo é lugar bom, tudo é chão para pisar e mais que houvesse.
Todos fossem assim felizes.




domingo, 7 de outubro de 2018

Fora do sítio.




De vez em quando, tudo sai do lugar habitual, e não falo de uma toalha no chão, da casa desarrumada, ou de um laço que se desapertou. É este mar calmo, quando o mar é norte e bravo. É este azul tão limpo, como se fosse Verão. Sair da terra onde as folhas já caem, e olhar um chão diferente. É este tempo, este Outono atrasado, fora do sítio.






sábado, 22 de setembro de 2018

Casa




Casa - o lugar onde regressamos sempre. Descalçamos os sapatos e soltamos os ais de algumas canseiras. O verde relaxa. E hoje, por ser o dia de virar o calendário da estação, sendo já oficial o Outono, ainda que não parecendo, partilho este testemunho de flores e alfazemas tão cheias de Verão. As varandas e as merendinhas à sombra, este sol de casa.