Durante anos enquanto criança, sempre que me falavam de uma grande viagem, assaltava-me o mar alto e grandes navios. Era inevitável. Cresci com relatos de histórias verídicas que o meu avô contava das suas idas ao Continente Americano.
Navios de gente que arrastavam dias e dias num mar imenso. Dias intermináveis que eu imaginava e fantasiava de uma forma fantástica. Para além do mar alto e dos grandes navios, esses tempos antigos fascinavam-me de uma forma romântica sustentada pelas fotografias amareladas que conseguiam anular qualquer sombra de pobreza. As malas eram o que me incomodava mais nas suas histórias. Como seria fazer uma mala em que a roupa se misturava com bacalhau, chouriços, presunto, tudo muito bem embrulhado em papel pardo e cordel. Ainda garrafas de azeite e vinho do porto muito bem protegidas com papel de jornal. Como seria abrir uma mala com todos estes cheiros, e ainda o cheiro da roupa que deveria estar impregnada de naftalina?
Confesso que me mete confusão todos esses cheiros dentro de uma mala, porque sou metódica com a minha mala de viagem e não suporto cheiro de comida na minha roupa.
Viajasse eu nesse tempo... e as esquisitices decerto que me passavam!
imagem: google
Com carinho
Mz