segunda-feira, 15 de março de 2010

Depressões


Numa encruzilhada do tempo em que já nada é como nos habituaram,
tudo se apresenta mais louco e indomável.
São as depressões da humanidade e as depressões meteorológicas.
A terra treme constantemente.
Assustam-nos os rios com rédea curta e as ribeiras bravas.
Assustam-nos as montanhas desfeitas em lama e casas a flutuarem à chuva.
O branco polvilhado, cai em neve exagerada.
Alienados, os jardins  sussurram paz com a natureza.
Já foi tarde...ninguém os ouviu.
Vidas levadas...
Vestidos negros e cheiro a naftalina.
Rezas e lágrimas à mistura.
Abraços mais apertados,
sorrisos temerosos.
A enxada espera no alpendre e as batatas mirram antes de serem enterradas.
É preciso semear...
A terra está mais encharcada do que nunca!
O sol de Março parecia ter-se esquecido de nós.
Mas está aí...
Vens para ficar?
Ou apareces só para fazer o obséquio de nos mostrares o musgo que recorta a pedras da calçada?



(fotografia de: Benjamim Vieira)


Com carinho
MZ