António desculpa-me, mas vou tratar-te como pessoa das
minhas relações. Vou tratar-te como homem e deixar o Santo de lado. Vives na
minha aldeia, tens casa perto da minha, para quê tanta frescura? Tenho-te desde
que nasci.
Todos os anos, por esta época, escrevo-te ou descrevo-te. São de ti estas crónicas onde conto como te enfeitam, como te ajeitam, como te levam a passear de poleiro num andor rodeado de flores. Se fosses vivo, e por razão de regras sociais, um António florido, seria alvo de chacota, ou não fossem as flores mais atribuídas às mulheres. Salvo, se fosses florista, que os há de uma grande sensibilidade e profissionalismo!
Todos os anos, por esta época, escrevo-te ou descrevo-te. São de ti estas crónicas onde conto como te enfeitam, como te ajeitam, como te levam a passear de poleiro num andor rodeado de flores. Se fosses vivo, e por razão de regras sociais, um António florido, seria alvo de chacota, ou não fossem as flores mais atribuídas às mulheres. Salvo, se fosses florista, que os há de uma grande sensibilidade e profissionalismo!
À partida, tudo
isto parece ridículo. Do poleiro no andor, nada a dizer, pois qual é o António que
não recorre a um meio de transporte? As flores toleram-se. Toleram-se e não apenas por teres
o estatuto de Santo, mas particularmente, por levares o teu menino ao colo.
Tenho na minha perceção, que tudo ganha uma forma mais ingénua, mais pueril e
graciosa.
É porque as flores combinam com a pureza das crianças, oh meu Santo António!
É porque as flores combinam com a pureza das crianças, oh meu Santo António!
Mz
Imagem:Tela de Armanda Passos aqui
Pintora Portuguesa, expõe desde 1976