sexta-feira, 29 de abril de 2011

Dois Anos!...


Depois de umas pequeninas férias e, antes que Abril se acabe, quero lembrar os dois anos de blogue. Por isso, este mês estamos de parabéns!

A quem me lê e deixa um comentário do mais simples ao mais profundo fica o meu agradecimento muito especial. Nem tudo o que escrevo será do vosso agrado, mas que fique claro que não escrevo para vós! :)

Sem preconceito e, ainda sem aderir ao novo acordo ortográfico, sem arrependimento de partilhar o que sinto e o que vejo, pequenas histórias verdadeiras, alguma poesia... e lamechices continuarão por aqui pelo menos na ordem de uma por semana como é meu apanágio.

A quem me segue, sem expressar qualquer opinião... também o meu muito obrigada.


 
 
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Com carinho
Mz

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Alecrim...



Trouxe-me um raminho benzido, a minha amiga. Uma palma entrançada num galho de alecrim e uma pernada de oliveira, tudo preso com uma fita de seda roxa. Foi o cheiro da minha infância que eu respirei hoje, foi isso! Junto, chegou-me também um domingo com o mesmo propósito religioso de todos os 'Domingo de Ramos'. O mesmo recitar a alta voz como uma música de cor e salteada, igualzinha à tabuada de à muitos anos atrás.
Abeirou-se a ligeireza da Páscoa dentro de mim como menina que era e as coisas que não compreendia. Vai... e eu ia... Inocente, pequenina, alegre, de mão dada com a família, o povo e os ramos de alecrim. Balouçava o ramo e o vestido. Sempre com o meu melhor vestido. Depois, guardava-se o benzido e, nos dias de uma trovoada manifestamente assustadora, eu conquistava a glória de a amansar! Uma ilusão popular aquietava o meu medo com um ramo seco de alecrim. Pedacinhos cheios de graça divina que eu lançava para o fogo da lareira convicta de que, a tempestade perdia toda a sua força. Há muitos anos que os ingredientes são os mesmos, mas a crença já não se aplica.

Hoje, salvo o teu raminho benzido para que me guarde das minhas tempestades, daquelas do meu interior, minha amiga. Obrigada.




Fotografia: Diario de Lisboa
com carinho
Mz

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Devoção...


Já não me ajoelho nem rezo com devoção. A igreja, à muito que não é o meu templo. Maldita vida mundana que me desvia destes caminhos! A culpa não é minha. A culpa nunca é nossa. A culpa é da chuva e do sol, dos jornais e das revistas, da blogosfera, quiçá...de uma esplanada. A minha fé já não se encontra nos discursos interpretativos dos homens do púlpito. Distraem-me as retóricas do palco, não importa o capítulo. Distraem-me os atchins das constipações ligeiras, as tossiqueiras incessantes, os murmúrios, os olhares de soslaio... Não posso com as naftalinas domingueiras! É o silêncio que eu prefiro. Agora, a sós com ELE. 




com carinho
Mz

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Afago...



Ainda muito escuro lá fora e tu como sempre, quase andas em bicos de pés para não me acordares. O sono que ainda toma conta de mim, permite-me ver-te. Desfocado, mas vejo-te. Volto a adormecer por segundos. Acordo com o calor dos teus lábios num beijo de até logo e um afago no meu rosto. Convencido de que ainda durmo, dizes-me muito baixinho, até logo.




fotografia: Carla Salgueiro (Olhares)


Escrito para Fábrica de Letras
Tema: Ternura
com carinho
Mz

domingo, 3 de abril de 2011

Sofia...



Se a ternura se pudesse definir, seria por certo numa criança como um todo. Um estado de vida impossível de voltar atrás no tempo. Um tempo inexplicavelmente doce e inócuo, ofertando-nos com surpresas diárias. Surpresas que nos derretem de ternura, que nos surpreendem pela graciosidade ou pelo inesperado da situação. Um pertence apenas ao Ser criança no momento.

Dos meus conhecimentos, conto-vos a visão que uma criança tem ao revelar a seus pais como será quando for crescida e, quando estes, já forem velhinhos.
Ela é a Sofia.
Sofia dorme guardada pelo tule de um dossel. Tem como cabeceira, uma parede rosa framboesa, onde se destaca uma grande coroa branca de rainha... por isso atrevo-me a voltar atrás e, apresento-vos a rainha Sofia!
Na verdade, é uma princesinha toda algodão doce de cabelos escuros e sedosos, bochechas rosadas e grandes olhos azuis. Simpática, despachada, voluntariosa e surpreendentemente protectora. Numa visão inocente, mas já muito definida, vai arquitectando o seu futuro, tentando mostrar aos seus pais, como os adora para todo o sempre.

Esta pequena rainha tem sonhos que passam por nunca mudar de casa – aquela será a casa onde irão viver para sempre. Nunca sairá à noite. Só casará se, o namorado assinar um contrato que inclui os seus pais como fazendo parte do núcleo familiar presente no dia-a-dia. Depois, quando os pais forem velhinhos, o quarto destes passará para ela e para o seu marido e seus pais, irão dormir no quarto dela. O quarto, manter-se-á igual, apenas terá de comprar um beliche. E um beliche confortável em que os pais durmam por baixo e os sogros por cima!
Assim é o reino de Sofia, o reino de uma criança com sonhos de família, para todo o sempre.

Eu acho isto  uma ternura!






Escrito para a Fábrica de Letras
Tema: "Ternura"

Com carinho
Mz