Se a ternura se pudesse definir, seria por certo numa criança como um todo. Um estado de vida impossível de voltar atrás no tempo. Um tempo inexplicavelmente doce e inócuo, ofertando-nos com surpresas diárias. Surpresas que nos derretem de ternura, que nos surpreendem pela graciosidade ou pelo inesperado da situação. Um pertence apenas ao Ser criança no momento.
Dos meus conhecimentos, conto-vos a visão que uma criança tem ao revelar a seus pais como será quando for crescida e, quando estes, já forem velhinhos.
Ela é a Sofia.
Sofia dorme guardada pelo tule de um dossel. Tem como cabeceira, uma parede rosa framboesa, onde se destaca uma grande coroa branca de rainha... por isso atrevo-me a voltar atrás e, apresento-vos a rainha Sofia!
Na verdade, é uma princesinha toda algodão doce de cabelos escuros e sedosos, bochechas rosadas e grandes olhos azuis. Simpática, despachada, voluntariosa e surpreendentemente protectora. Numa visão inocente, mas já muito definida, vai arquitectando o seu futuro, tentando mostrar aos seus pais, como os adora para todo o sempre.
Esta pequena rainha tem sonhos que passam por nunca mudar de casa – aquela será a casa onde irão viver para sempre. Nunca sairá à noite. Só casará se, o namorado assinar um contrato que inclui os seus pais como fazendo parte do núcleo familiar presente no dia-a-dia. Depois, quando os pais forem velhinhos, o quarto destes passará para ela e para o seu marido e seus pais, irão dormir no quarto dela. O quarto, manter-se-á igual, apenas terá de comprar um beliche. E um beliche confortável em que os pais durmam por baixo e os sogros por cima!
Assim é o reino de Sofia, o reino de uma criança com sonhos de família, para todo o sempre.
Eu acho isto uma ternura!
Com carinho
Mz