quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Fados...


Existem fados que inquietam e ferem a alma.
Feridas feitas por cão danado que abocanha o peito.
É dor na vida.
Sons de guitarra desafinada.
Escassas e indiferentes são as vozes, sérias.
Meu fado, meu país...
Ruas da calçada onde a chuva é turva,
Vielas escuras e mal cheirosas.
E, as palavras... promessas e mentiras.
Palavras que lavram na lama.
Tudo é esterco esgravatado nos corpos.
Corre o fado e corre a vida.
Fados negros.
Sentimentos estéreis.
Aqui nada é semente.
Nada é terra. Nada é árvore. Nada é fruto.
Ser nada inquieta.
Fecundar vazios e impossíveis.
Neste fado apenas ser...
Infértil.



fotografia de Carla Salgueiro aqui



Com carinho
Mz