quinta-feira, 1 de maio de 2014

Um presente




O pai ofereceu-me a máquina de escrever dos anos 70 e porque sou eu que lhe tenho o maior carinho, em melhores mãos não podia ficar. Sem um único risco ou defeito, transforma-se numa malinha de mão de cor azul cheia de recordações da minha infância e adolescência. Adoro-a. É um objecto vintage que eu assemelho a um automóvel sem direção assistida. São necessários dedos musculados para dedilhar aquelas teclas de esqueleto metálico e escrever uma dúzia de linhas. É uma luta. Parecia tudo muito mais fácil quando às escondidas escrevia cartas para as amigas e brilhava. Era top e supermoderno. Colocava-nos no patamar da alta tecnologia e o mais próximo de parecermos pertencer a um país desenvolvido.


mz




Fotografia: mz