Arrebatador. É como um feitiço sem cor, e quando menos espero,
seduz-me de uma forma apaziguadora. Cinzento este que enxergo inexplicavelmente
como se fosse a palidez do mundo. Neutro. Sem tentações. Como o desligar de um
motor. Parar para escutar. Parar para ver. São outros sentidos. E perseguem-me
estes tons como um mandato poderoso de me reconciliar com o que quase deixo de
ver, ou que se tornou banal.
Em pequenas doses, não me deprime a ausência da
cor. Não me torno basalto ou xisto, fria por natureza. Opaca. Triste. O riso
não pára. Quiçá, talvez eu sorria brandamente, e sem querer me avizinhe da quietude.
Da paz. Atrevo-me a dizer que quando nos tiram a cor, não se morre.
Mz
Fotografia: Parque Florestal de Monsanto
Do Blogue de fotografia Diário de Lisboa