Postado no dia 30 de Junho e que por lapso foi apagado do meu perfil.
Agradeço todos os comentários que aqui deixaram, mas já não os foi possível recuperar.
Aqui deixo então o meu texto pela segunda vez.
Noite de Céu estrelado, Georgette
e limonada cor-de-rosa.
Um quadro romântico. Poderia eu
dizer soltando a língua ligeira num dos meus impulsos característicos quando
estou à vontade entre os meus. E se não me travassem, fazia ali mesmo um filme.
Um musical, de preferência, fora de moda e antigo. Um Fred Astaire e Ginger
Rogers. Ele de Smoking e ela em camisa de noite, comprida esvoaçante e aqueles
sapatinhos de salto alto de cetim e pompom de plumas tingidas [esses sapatinhos
que me perseguiram anos e anos como fetiche de mulher, para agora estarem
guardados numa caixinha] E punha-os a rodopiar, dançando às voltas e mais voltas
numa varanda qualquer em noite de Céu estrelado. No fim, um longo e dramático
beijo na boca. E para arrefecer a paixão, ele oferecer-lhe-ia uma limonada
cor-de-rosa que ia tão bem com a sua toilete íntima.
Mas não, nada disto é o
propósito. Isto é filme que já ninguém vê. Quero apenas salientar três coisas
simples que fizeram parte do meu dia e noite de hoje [que já foi ontem].
A limonada cor-de-rosa é apenas
limões e framboesas do quintal, água e muito gelo. Acho que vai ser a minha
bebida preferida deste verão.O Céu estrelado, não via um tão cintilante
como esta noite, e confesso que não sei por onde têm andado os meus olhos. Georgette, nome enganador. É um
saber antigo do glossário da moda de uma mulher octogenária, que perante a
minha ignorância, me recomendou como tecido elegante enquanto o colocava de
lado e o excluía das minhas escolhas e opções. Mostrou-me como era fino,
delicado e sensual. Contou-me como os homens a olhavam na sua blusa de
transparências e de como suspiravam olhando os peitos empinados, fartos e
salientes. Oitenta anos de sabedoria feminina e segredos num tecido que tem
nome de mulher.
Mz
Imagem: Tela de Amedeo Modigliani