Também morremos se o pensamento atrofia, por isso, escrevo para
afastar um certo medo de definhar. E escrevo um palco de actores vestidos a
rigor. Depois, a plateia de pé sem aplaudir e a escorregar cada vez mais num
verdete esperançoso. Lembro-me de alguém na banca das flores que diz que já não
se gosta de cravos e uma florista a responder que eles nunca fizeram mal a ninguém.
É tudo subjetivo ou então, uma forte convicção. Mesmo que não obtenha resposta, interrogo-me
de que são feitos os cravos de hoje.
Parece-me ver apenas meia flor. Nos fatos dos actores, bandeirinhas de
lata e gravatas verdes. Uma espécie de mise-en-scène. Acaso precisamos que nos
lembrem quem somos, ou quem as usa terá necessidade de não se esquecer que são
daqui e não de outras bandas?
De facto, nunca o verde esteve tão na moda e não me sai da
ideia um certo ambiente clubístico que dos cravos apenas mostram o caule, falta
muito do resto...
imagem: Tela de Gustav Klimt