A aldeia com duas faces, uma moeda e dois cunhos diferentes.
O rio, com toda a biodiversidade que lhe é característico e que vos tenho
falado. Os arrozais, as cegonhas, as garças, os corvos, e os menos visíveis; os insectos, os répteis, os lagostins e toda uma vida submersa nos pântanos – verdes
intensos e cheiros molhados. Depois, a floresta. A terra castanha e outro verde,
aroma de musgo seco, pinho resinoso, o adstringente do malfadado eucalipto e os carvalhos com bolotas ainda pequeninas. Começa a despontar agora, a urze, que lá para Outubro,
pela festa da Nossa Senhora do Rosário, parecendo milagre, lança pela terra infindáveis tufos
de cor lilás. E ainda temos amoras nos lugares mais sombrios, esta selvagem doçura
que nos seduz o palato; espinho e veludo, tal como a vida, uma moeda de duas
faces e esta minha aldeia que vos conto, agora em Setembro.