terça-feira, 2 de junho de 2015

Os velhos guardam coisas preciosas





Estavam ali há anos aqueles cedros. Velhos e secos, apenas alguma ramagem verde conseguia segurar a decisão de não os cortarmos rentes e substituí-los por outra qualquer vedação. Hoje, encontrámos neles, três bicos amarelos e esfomeados de passarinhos. Expoente máximo da primavera e passámos a falar baixinho. Ela, na sua velha idade, lembrou-se de uma época em que sobre a barra da sua robusta cama de casal, numa verdadeira seda em tons de pérola sobressaíam quatro pássaros garridos em delicadas pinturas. Gosta da fantasia de acrescentar magia e como se ganhassem vida os chilreios das pinturas, a embalassem nas noites de insónia ou a ajudassem a elevar aos céus em momentos de intimidade.


mz




fotografia: mz