Em dias de tempestade,
Sacudimos furiosamente o guarda-chuva.
Barafustamos com a lama nas botas.
Aborrecemo-nos de tanto cinzento.
Os músculos contraem-se.
Os casacos grossos encolhem-nos,
Ficamos mais
pequeninos.
Atarracados.
Como se carregássemos o abrigo do mundo,
Os molhos de lenha cansam-nos os braços.
As coisas húmidas provocam-nos náuseas,
Bolores.
Bichos-de-conta.
Musgos na calçada da cidade.
Somos esquisitos.
Niquentos.
Dizemos mal do vento
Dizemos mal do vento
Quando os cabelos se soltam.
Libertos.
Em dias de tempestade,
a natureza torna-se gigante.
a natureza torna-se gigante.
Não podemos ir ao mar,
Mas vamos.
mz
Imagem: fotografia, do blogue Diário de Lisboa - The Lisbon Diary
Jardim de Campolide
Jardim de Campolide