Os muros altos servem de sombra aos que se apresentam na
despedida. Faz-se sala ao ar livre porque Setembro está quente e contam-se
histórias de uma vida comprida. Abraçam-se amigos que não se vêem há muito, e
entre uma lágrima contida, uma outra fugidia, até um sorriso. Tudo se torna
solidariedade mansa. Pode-se arriscar dizer-se que até é bonito morrer aos noventa. Porém,
a morte nunca é bonita. Há sim mais compreensão na partida, mais serenidade na
perda de uma vida velha. Chora-se depois a saudade nas lembranças do dia-a-dia.
mz
imagem: tela de Amedeo Bocchi - pintor italiano
Bianca con geranio rosso, 1928 aqui