Mexem-se sem terem em conta o ritmo da música. São mulheres loiras, morenas, magras, gordas, altas e baixas. Umas de saia e blusa ou vestidos curtos, outras de calças e camisolas mais ou menos decotadas. Sandálias de salto alto ou rasas com tirinhas de vidrinhos encastrados, levantam-nas mais uns centímetros ou deixam-nas ao seu tamanho. Algumas, com jóias verdadeiras, outras, com bijutaria simples ou espalhafatosa ou apenas uma corrente de ouro com uma medalha protectora. Os enfeites e as unhas pintadas dão brilho até a quem já está um bocadinho baça... mas a mulher não desiste de si. A base no rosto e as pestanas alongadas permanecem, ao contrário do batom que se vai consumindo com os movimentos expressivos das bocas das mulheres. A festa, é especial. A mesa, de toalha bordada, os copos desencontrados de vários tamanhos, a loiça de porcelana já bastante gasta, mas genuína e flores, muitas flores e muita cor naquela mesa vestida de branco e naquela sala. Muita conversa entremeada com a comida e muito riso e risinhos entre golinhos de vinho. As mulheres têm fama de faladoras. Falam de tudo e então, quando se juntam aos grupos, parecem galinhas aos olhos dos homens que as adoram, mas que têm sempre esta teimosia em as diminuírem. Galinhas de ouro! É assim que elas se revelam. Tal como uma foice, esta exclamação uníssona, corta o bico do galo empertigado, sempre que algum se atreve a esta comparação. E então, vem a conversa e a luta em defender a tese. E serão talvez 500 palavras ditas pela mulher para 50 palavras ditas pelo homem. É sempre assim. A mulher terá sempre de se esforçar muito mais do que homem. Mas a mulher não desiste e arregaça as mangas e vai à luta com enfeites ou sem eles mas convicta de que trará sempre um pequeno trunfo.
Com carinho
Mz