O relógio marca as horas olhando o tempo sempre da mesma forma.
Corre o dia. Corre homem, corre…
Ignoram-me lá, chapado na torre. Mas, quando a noite entra, já longa e
sossegada, maldizem-me. Eu. O relógio da torre da capela. Maldizem das horas,
das meias e quartos de hora. Na almofada, abafam a estridente lembrança do
tempo que desejam demorar. E os sinos?
Os sinos já não tocam como antigamente. O mecanismo dá lugar ao sacristão e
os sinos queixam-se. Falta-lhes a macieza das mãos nas cordas coçadas e o
badalar já não é o mesmo. As rezas, também já são se fazem ao toque das
Ave-maria. Para que servem as diárias badaladas?
Original escrito e publicado...
Mz