A noite consegue vê-los, incógnitos e embriagados. Homens desembestados.
Atiram-se à rua, estonteados e loucos, caldeando as entranhas de álcool. Agitam
frenéticos a bebedeira. A noite vê passos de homem ziguezagueando a escuridão. Calça
sapatos trôpegos que insistem pontapear paralelos de granito. Tem pecado na voz.
Pragueja culpando a estrada da dor e do estorvo de uns pés carregados de tantos
copos tomados. Vocifera. Rude e abrutalhado, serpenteia uma mulher na penumbra.
A noite decifra, uma tela turva, um jogo de sombras a quatro mãos. Vencem as
mais fortes, as que dilaceraram a carne e amputam a alma.
Mz
Original escrito e publicado para:
2012 Palavras 2012 Autores
(Desafio ainda a decorrer)
“Escolha uma
palavra e escreva sobre ela (máximo 300 palavras). Deixe a sua marca num
dicionário escrito por 2012 pessoas.”
Pedro Chagas Freitas
Imagem: Lyonel Feininger, The White Man, 1907
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