Trouxeram-nos lenha para o inverno. Grossos pedaços de
madeira seca com conversas de mulher robusta, que sem se cansar, falou dos
fogos, dos vizinhos, das doenças e do maldito cancro que lhe arrancou um pedaço
de mama. É uma desenvoltura na língua, no bracejar da carga que deixou, e um
desembaraço nas ordens ao marido de poucas falas. Arrecadou o dinheiro e abalou
tagarelando palavras que já não conseguimos entender.
Deliberadamente a exaustão da sobrevivência onde se
arrancam pedaços do corpo e do planeta até ao fim dos dias.