Texto e fotografia,Mz
Tem dias que se passeiam como se tudo fosse deles. Tomam
conta da estrada, da terra, das coisas do homem. Sem perderem a afabilidade,
ainda caçam roubando galinheiros de ferrolhos frágeis ou, de cancelas velhas a
donos descuidados. São os cães. Principalmente os cães. Fotografei-os de manhã
cedo com este sol dourado de Novembro, e depois, ao final da tarde, com o mesmo
sol, contudo, quase morto. Ocorre-me que a brutalidade de ser comido por outros
bichos, é um pensamento de uma bestialidade que nos fere a sensibilidade. Aqui
na aldeia, é tudo mais bruto, mais bravo e transigente. Uma liberdade primitiva
com a mais-valia de se poder dormir num telheiro quente até à noite, de trazer
as patas sujas para o pátio de casa, e depois, receber afagos e mimos sem a
repreensão dos donos.