As minhas tias fazem das rugas e das caixinhas
de comprimidos, vincos e acessórios assumidos. A caminho dos oitenta, coradas de
alegria agitam os colares e fazem esvoaçar lenços e saquinhos de crochet.
O almoço com as tias passou a ser prazenteiro e o que há anos parecia entediado, tem hoje um sopro gaiteiro. Elas já viveram tanto que os pudores não lhes é entrave nas conversas nem nos adornos. As que já são viúvas gostam de unhas garridas, de roupas floridas e falam da vida. Dos filhos e dos netos, dos saudosos maridos e dos primeiros namorados. Uma amálgama de episódios respeitosos muitos repetidos em quase todos os encontros, mas sempre diferentes quando lhes acrescentam uma pitada secreta.
O almoço com as tias passou a ser prazenteiro e o que há anos parecia entediado, tem hoje um sopro gaiteiro. Elas já viveram tanto que os pudores não lhes é entrave nas conversas nem nos adornos. As que já são viúvas gostam de unhas garridas, de roupas floridas e falam da vida. Dos filhos e dos netos, dos saudosos maridos e dos primeiros namorados. Uma amálgama de episódios respeitosos muitos repetidos em quase todos os encontros, mas sempre diferentes quando lhes acrescentam uma pitada secreta.
- Grandes marotas!
E brincam com as ainda
casadas, sondando-as e espicaçando-as galhofeiras e gozosas. Se uma manifesta
conversa de missa, logo outra, uma anedota maliciosa ou libidinosa, tornando as prosas
num embriagante shaker sacro- profano de riso desmedido. E comem de tudo como
se fosse dia de festa e eu, debicando uma fatia de bolo delicio-me com este e
com elas que quando se juntam deslembram a idade.
mz
Imagem: Fernando Botero
Pintor e escultor Colombiano - Ocaiw
Pintor e escultor Colombiano - Ocaiw