Era
uma espécie de ritual cuidando não deixar ninguém para trás. Um excesso de zelo
para com todos, evocando a Deus proteção por tudo e por nada. Tornou-se num acto
banal deixando de enternecer e apaziguar, mesmo quando os lembrados necessitavam de palavras
protetoras, ou em dias de mais desespero, uma oração. Todas as cartas que lhes
enviava tornaram-se num chorrilho fanático até à indiferença. Até que, sem se
aperceberem, deixaram de o ouvir. Queriam amizade e não a devoção explícita
como um veículo do culto. O emissário das cartas era um fanático religioso. Um dia, despiu a carapaça e lançou a fúria, exclui-os das orações e remeteu-se ao silêncio. Deixou
de enviar as palavras protetoras e abandonou a amizade. Os outros, sentiram alívio
daquela fé falsa e exacerbada, mas não o excluíram das conversas.
Mz
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