Será sempre assim até haver sol, porque depois virá a chuva
sem parar e o rasto do triciclo eléctrico atola-se na lama e tudo ficará adiado
para não se sabe quando, ou para nunca mais, porque a morte, pode ser já no
próximo inverno. Dizem que vai ao encontro da mulher que se conhece, com pouco
tino e depois, na folhagem dos eucaliptos, um tonto desejo de velho, despe-lhe o
corpo generoso. Não fazem mal um ao outro, nem a ninguém. Tudo fica pelo olhar e
neste segredo dos dois, desconhecem que é o segredo de todos. Nos risos
estouvados das tascas, o sigilo é espalhado e malcriado nas bocas imundas do
falatório. Que humanidade desumana para quem apenas se quer lembrar quando já
se esqueceu de como é o corpo de uma mulher.
mz