A mulher envelheceu e a par dela, a sua pombinha fez-lhe
companhia. Incomodava-a a textura do cabelo mais rebelde e áspero de alguns
fios que cresciam brancos. Aliviou o problema com cremes hidratantes e bisnagas
de tinta colorida, entregando-se nas mãos de profissionais. Tomou consciência de
que, quando se envelhece bem, aprecia-se ainda mais os cuidados de outras mãos pelo
corpo. Sente-se tudo sem urgência, e cada toque, passa como um rio de
serenidade na carne e no espírito. Não há pressa. A mulher passou a dizer também,
que os espelhos são para usar e abusar. Os espelhos também servem de consciência à felicidade de
se estar vivo. Olhou para a sua pombinha e disse-lhe:
- Anima-te, também te vamos dar cor!
Assim se perdeu uma pomba branca.
Uma história de senhoras que vivem os últimos dias das suas
vidas com algum humor, quando contam que no seu tempo, todas as crianças, jovens e velhas tinham pombinhas. Dizem com muito carinho que, continua a ser um bonito nome para
se dar aos órgãos genitais femininos. Não o deixem morrer!
Mz
Imagem: Joan Miró