Existe um homem que guarda um jarro no jardim. Uma espécie solitária com a mesma missão em cada Primavera. Devolve-lhe a meiguice do passado e ternuras de infância em laços eternos de quem a plantou num chão de terra já antiga. Soa a mimo e a poesia, este homem que guarda o seu jarro no jardim. Homem e raízes numa cidade, onde, ainda cabem pedaços de terra sachada e vasos floridos.
No mesmo homem, o outro, o que sabe plantar imagens. Fotógrafo. O olhar que pisa o asfalto da cidade. Lisboa.
O homem que plantou com a sua máquina, uma flor no masculino. Um clássico singelo a transbordar de sensualidade num delicado enrolado, abrigando o tímido caule erecto.
Sinto-me uma ladra de flores e de terra com dono. Enredos imaginários, por mim, aqui. Um olho de mulher sem laços a este jarro arrancado de raíz à fotografia, num apontamento a propósito e feito à pressa.
Para Fábrica de Letras
Tema: Fotografia
Original escrito e publicado...
Mz
14 comentários:
Um passado e um presente que se cruzam na terra do jardim ou nas ruas da cidade.
Desejos e vidas que se roubam como se isso fosse o melhor crime.
existe um texto
que faz crescer um jarro
um homem
uma mulher
e um jardim
pode ser à pressa, o apontamento, mas tem laços em mim
fotografias de eleição, as do Diário de Lisboa
caio lá sempre
um abraço
Luís Coelho,
espero que o dono desta flor, não me acuse...
Manuela Baptista,
dessa forma também eu me enlaço.
São as fotografias do Diário de Lisboa.
Sou fã e não é a primeira vez que me dão inspiração, poesia ou prosa...
Um abraço.
E que belo olhar...
Vezes e vezes sem conta essa foto se repete, essa flor que cresce ano após ano, ficando retida na objectiva do olhar desse homem...
Lindo!*
João Roque,
sem dúvida!
E olhe que belo nome, João!
Bjnhs
Catarina Sofia,
neste caso, são olhares que vão para além da objectiva.
Um texto que nos faz arrancar raizes enlaçadas em algum jardim da vida...muito obrigada pelo carinho da visita,beijos
MZ belo apontamento. Sinal que a pressa também pode fazer coisas bem feitas. Bjs
Neyde Arte Artesanato,
é apenas um olhar carinhoso...
A Fábrica de Letras leva-nos a outras pessoas, e a adorei a sua participação.
Abraços daqui, deste mar
Brown Eyes,
à muito tempo que andava a namorar esta fotografia do Diário de Lisboa, mas ainda não me tinha debruçado bem sobre ela... apenas sabia que a tinha debaixo de olho.
E, este mês a Fábrica de Letras deu-me a oportunidade de escrever sobre "fotografia", foi um rastilho rápido... um clic!
Estou atrasada com as tuas leituras, mas irei lá em breve.
Bjs
Se isto é um apontamento e feito á pressa, saíste-te muito bem! volto para ver quando passares a tinta permanente...
Bjs
Lilás,
por acaso tenho uma caneta de tinta permanente que já deve estar a ficar seca.
:)
Bjs
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