segunda-feira, 28 de março de 2011

Março...


Ainda que desfocada seja esta Primavera,
Que as preces sejam ouvidas.
Que das árvores, rebentem os brotos.
Dos brotos, as flores,
Das flores, os frutos
Para mais tarde, a saudade poder saciar o sabor doce e maduro da fruta madura.







Com carinho
Mz

segunda-feira, 21 de março de 2011

Primavera...



Já é primavera e os sorrisos murcham cada vez mais no meu país. Os olhos, não têm o sol que tanto querem. Os corações mirram desesperados quando o verde não é de esperança. Já é Primavera no meu país e as contas brotam, as falências atordoam os que já são e, os que passam a ser ainda mais, desempregados. E o povo... Ai o povo! O povo, baila triste quando o folclore já não é de tamancas nos pés, nem de saia rodada, nem de música de acordeão. O folclore é apenas o drama do meu país. E as cordas da guitarra partem-se sem se poder cantar o fado do povo que não lava no seu próprio rio há décadas, porque o homem polui as águas e esquece-se facilmente. Que política e que homens que não se entendem. Que homens que dizem e desdizem, que culpam e lavam as mãos. Já é Primavera e a Páscoa aqui tão perto. O sol que os olhos tanto querem, não virá com um messias no horizonte. Não virá de Belém, nem depois com os Passos. A Primavera para o meu país, apenas chegará carregando ainda mais o madeiro do povo. Não se iludam com frutos de sementes podres. Não se iludam com as flores desta Primavera. Já é Primavera!


Fotografia:toze (olhares)
Com carinho
Mz

quarta-feira, 16 de março de 2011

Palavras...


Quando me faltam as palavras, enche-se o vazio de silêncio. E eu que não sou de palavras vazias nem de silêncios, fico ligeiramente perdida. Não gosto de ser errante nem de labirintos. Tudo o que quero é ser genuína nas palavras e numa vida com sentido. As palavras, essas, quando se abeiram desordenadas, guardo-as no meu colo, arregaço o meu vestido para que nenhuma se perca. Mais tarde, ajusto-as a um cenário possível ou imaginário mas continuo perdida se não se moldarem ao que sinto. Por vezes, desprovida de algum senso, foge-me o vocábulo e fecunda-se outra história que não é a minha. Não é o que quero. Inquieta-me a vida e as palavras que não me parecem certas.





Com carinho
Mz
...

segunda-feira, 14 de março de 2011

Visual...


O visual está diferente mas eu não mudei, apenas alterei as cores da casa. Continuo a gostar do mar e o azul continuará a acalmar-me. Aqui, neste meu Afectos Dúvidas a completar dois anos para o próximo mês, tudo vai continuar igual. Os desabafos, as memórias, as poesias irão estar sempre presentes desde que a inspiração não me falte e a memória não me falhe.

Por isso, às vezes passo por AQUI para partilhar lugares, notícias e outras coisas minhas.


 
 
 
imagem: google
 
 
 
 
Com carinho
Mz

quinta-feira, 10 de março de 2011

Sombras...

 
 
Cantava-se fado à desgarrada. Entre os fadistas, o fado mais expressivo e o mais sentido, saía da boca de um homem que mais tarde se sentou na minha mesa. Contou que tinha cegado à 10 anos atrás e, todas as sombras que vislumbrava eram suficientes, porque ainda tinha a família e o fado.





Fotografia: t.rex aqui

Com carinho
Mz

sexta-feira, 4 de março de 2011

Isto Não é Baril (MCs)...


Letra para música Rap ou Hip-Hop, enfim, o que quiserem!!!
Posto isto, se me lerem tentem dar o ritmo adequado :)

*


Tanto para dizer e nada me ocorre!
Saliva o predador enquanto a presa corre
Temo o mundo que nos é hostil
Não... não... não...
Isto não é baril!

Grita a vítima num dia malfado
Num grito sufocado por um murro dado
Outro e outro até ao fim
Não... não... não...
Isto não é baril!

Estocadas fortes num corpo inanimado
Guincha de prazer o violador
Mais um rosto desfigurado
Num corpo de cor marfim
Não...não...não
Isto não é baril!

Dobram os sinos pela morte
Atiram-se flores
A uma vida sem sorte
- E os jornais que vendem?
Crimes e dores
Tudo misturado com vida de actores
Os burburinhos da desgraça
- Coitada, coitada, coitada!
Tantos crimes e palavras mil
Não...não...não
Isto não é baril!

Depressa volta o predador
De uma sentença injusta
É a justiça que muito me assusta
Tanto para dizer e nada me ocorre!
Isto agora já não vai rimar
Neste escrito que se canta a falar
Violenta é uma cela que o universo guarda e se chama Terra.





(Imagem: Google
Escrito para a Fábrica de Letras
Tema: Violência





Com carinho
Mz