sexta-feira, 19 de julho de 2013

Bem Vindo à terrinha Xuxu







No aeroporto um sorriso gigantesco quando a vê com uma folha A4 emoldurada de corações,  florzinhas e um slogan;
- Bem-vindo à terrinha Xuxu.

Férias.

Primeiro assalto familiar onde a casa parece uma Torre de Babel. Planos de passeios, de noitadas e de trabalho também. Pinturas, arrumações no sótão e jardim, é que tal como o ditado, em casa deste homem, quem não trabalha não come. Depois, a escolha das ementas, a comida, que no início da temporada, nem que estejam quarenta graus tem de haver feijoada à transmontana e malguinhas fumegantes de caldo verde.

Boas férias e até breve.


Mz




Imagem: tela de Evangelina Alciati 1952
Pintora retratista italiana, pesquisa google OCAIW


sábado, 13 de julho de 2013

Depois das Cartas





Depois das Cartas.
Um governo com punhos de renda e intrigas palacianas numa república com amuos e arrufos governamentais. E enquanto o que era, já não o é, volatiliza-se. Emudece-se. Trocam-se os botões de punho, apara-se barba e cabelo e maquilha-se temporariamente o dueto desavindo. O governo. Uma coligação colada com cuspo e um poço de bactérias a branquear. É tudo uma questão de semântica, num contexto filosófico-político, em que urge um descodificador, pois já ninguém os entende e já ninguém os acredita. Está dito!


Mz


(a propósito das cartas de demissão do ministro das finanças e da sua susbtituição e também da demissão irrevogável do ministro dos negócios estrangeiros)


Imagem: pesquisa google 
na busca do pintor português  Nikias Skapinakis

domingo, 7 de julho de 2013

Uma Lembrança, agora que chegou o Verão



Uma lembrança, agora que chegou o Verão.
A mãe com os rolos cor-de-rosa na cabeça e eu, pequenina a devorar gelados de fruta caseira. E depois de refrescada, os dedos peganhentos de doçura natural, a língua dormente e a cair de sono. Um ou outro grasnar de pato ou cacarejar de galinha vinda da casa do lado. Um estalido na folhagem seca espalhada pelo pátio interior. E as moscas. Incomodam-me as moscas, varejeiras e todo o tipo de insetos que não se importam com o sítio onde poisam. Não o devia dizer, não senhor, mas mal empregadas estas asas, oh Criador! Nós, que por um momento na vida sonhamos voar e, desprovidos desse anseio, aniquilamos, pulverizamos a chatice aliviando o incómodo. Mas naquele tempo, eu era pequenina e dormia a sesta.


Mz

Tela de Evangelina Alciati

Noite de Céu Estrelado, Georgette e Limonada Cor de Rosa



Postado no dia 30 de Junho e que por lapso foi apagado do meu perfil.
Agradeço todos os comentários que aqui deixaram, mas já não os foi possível recuperar.

Aqui deixo então o meu texto pela segunda vez.

 Noite de Céu estrelado, Georgette e limonada cor-de-rosa.
Um quadro romântico. Poderia eu dizer soltando a língua ligeira num dos meus impulsos característicos quando estou à vontade entre os meus. E se não me travassem, fazia ali mesmo um filme. Um musical, de preferência, fora de moda e antigo. Um Fred Astaire e Ginger Rogers. Ele de Smoking e ela em camisa de noite, comprida esvoaçante e aqueles sapatinhos de salto alto de cetim e pompom de plumas tingidas [esses sapatinhos que me perseguiram anos e anos como fetiche de mulher, para agora estarem guardados numa caixinha] E punha-os a rodopiar, dançando às voltas e mais voltas numa varanda qualquer em noite de Céu estrelado. No fim, um longo e dramático beijo na boca. E para arrefecer a paixão, ele oferecer-lhe-ia uma limonada cor-de-rosa que ia tão bem com a sua toilete íntima.

Mas não, nada disto é o propósito. Isto é filme que já ninguém vê. Quero apenas salientar três coisas simples que fizeram parte do meu dia e noite de hoje [que já foi ontem].
A limonada cor-de-rosa é apenas limões e framboesas do quintal, água e muito gelo. Acho que vai ser a minha bebida preferida deste verão.O Céu estrelado, não via um tão cintilante como esta noite, e confesso que não sei por onde têm andado os meus olhos. Georgette, nome enganador. É um saber antigo do glossário da moda de uma mulher octogenária, que perante a minha ignorância, me recomendou como tecido elegante enquanto o colocava de lado e o excluía das minhas escolhas e opções. Mostrou-me como era fino, delicado e sensual. Contou-me como os homens a olhavam na sua blusa de transparências e de como suspiravam olhando os peitos empinados, fartos e salientes. Oitenta anos de sabedoria feminina e segredos num tecido que tem nome de mulher.

Mz
Imagem: Tela de Amedeo Modigliani