sábado, 22 de março de 2014

Uma encomenda e um vaso de flores




Numa ânsia de também fazer do mais antigo o seu futuro, apareceu atarefada e corada. No conjunto branco da sua jaleca, um açafate cor de palha de braço dado com ela. Jovem e alegre, com o mesmo ar do seu restaurante estendeu-me a encomenda. Pacotinhos transparentes de biscoitos caseiros de guarnição variada. Na transparência das embalagens como se não existisse matéria entre o invólucro e as guloseimas insinuava-se o conteúdo, paladar fino e estaladiço. Cresceu-me água na boca. Meia dúzia de pequenos frascos com compota de laranja que eu tanto lhe pedira que me fizesse. Fresca, doce e ligeiramente amarga, ideal para os dias quentes que hão-de vir. O que me surpreendeu foram as flores. Um aglomerado azul como uma pequena nuvem pintada por uma criança. Miosótis. Um spray de primavera antiga num vaso que irá espalhar sementes. 

E diz-me na esperança de se multiplicarem estes azuis que muitos já esqueceram e outros que nem sabem da existência de tal delicadeza; todas as encomendas levam uma oferta.

E sorri de satisfação.
mz


Imagem: fotografia do blogue
Disparos à Toa