quinta-feira, 18 de março de 2021

Conversas ao postigo.

 


Com os sorrisos escondidos em máscaras de pintinhas, plissam os olhos de alegria e oferecem-me alfazema. Contam-me as tias. As minhas tias confinadas. Contam-me que acariciam vezes sem conta os gatinhos que lhes sobem para o colo. A calçada da entrada, já tem rasto de chinelo, uma estradinha arada de passos cansados, como as batidas do coração. Dizem ter os sapatos de saltinho, guardados em bolsas de pano cru, por causa dos bolores. Enfeitam os cabelos com os rolos antigos, cor-de-rosa e, em cada onda que lhes fica, navegam as memórias e estas conversas ao postigo. 


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