domingo, 9 de novembro de 2014

De passagem







No meio do cheiro a flores, dos ecos e murmúrios, pensava no desejo da mãe que muito tempo antes de fazer oitenta anos, dizia sempre que depois de fechada já não a abrissem mais. E assim se cumpriu. 

O Frei tomou da palavra e transformou a retórica numa visualização simples. 
E comparou a vida a uma tenda. Uma tenda não é um castelo, não é uma mansão nem mesmo a mais humilde das casas de alicerces enraizados à terra. Uma tenda não é uma habitação permanente. Monta-se e desmonta-se como se vive e se falece. E durante o tempo em que permanecemos na tenda, todas as fragilidades passam por nós. Ela é frágil, verga com o vento, desmancha-se com uma tempestade. E o vento, a chuva, o sol, o frio e todas as adversidades dos elementos tornam-se nas adversidades da vida humana.


mz




fotografia: aqui