sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Velhas (e) Amigas...




Já que insistes em trazer-me algo, então traz-me um raminho de salsa fresca para enfeitar o almoço. Meia dúzia de limões para espremer em limonada e flores... um molho de flores, que podem ser do campo. Mistura-as com alecrim para perfumar a mesa que vou pôr lá fora ao sol. Traz-me também alegria e risos e conversa que poremos em dia. Depois, dulcificamos as bocas com Bolo de Cambraia, o mais fofo que eu sei fazer .  Talvez abra aquele Porto velho que nos irá deixar mais tontas e de língua mais solta para falarmos sem medo e sem disfarces do que nos apetecer. No final, eu levo-te a casa e tu voltas a trazer-me à minha e andaremos nisto até termos consciência de que cada uma tem de ficar sozinha na sua própria casa.

Mesmo que não tragas nada e não queiras falar, vem. Comeremos em silêncio a ouvir as conversas dos vizinhos, os pássaros e a nortada a sacudir as laranjeiras. Não te preocupes com o sol que eu tenho uma sombrinha antiga de cor azul com franjinhas brancas que vou espetar no pátio e, se o tempo mudar e as nuvens aparecem, sempre poderemos fingir ter um tecto de Verão. Mas vem... eu espero-te de avental.







Para a Fábrica de letras
Tema: “Fingimento”




Imagem: Tela de Inimá de Paula


Com carinho
Mz