domingo, 23 de agosto de 2015

Sossego e uma pilha de roupa para passar





Os galos calados, nem um pio de pássaro. Todos os bichos nos ninhos, nas tocas e a aldeia meio adormecida. Uma chuva miúda que me dá gosto depois da ardência prolongada do sol e lembro-me dos meus amigos que chegaram ontem de corpos tão escurecidos. Ficam estranhos no regresso das praias, mudam de cor e fica-lhes bem o branco e o sol, não este céu grisalho e que não tarda, choroso. Neste silêncio, vou magicando esta crónica e esvaziando uma pilha de roupa amarrotada para montinhos a guardar nas gavetas. E vai o ferro namoradeiro, soltando suspiros de vapor enquanto o guio no corpo das roupas lavadas. É só uma hora e depois vou ali apanhar amoras.

mz