domingo, 26 de outubro de 2014

Suborno do Céu





Quando eu quero, o céu é o destino.
Alvo, negro, azul celeste, é um anjo dissimulado, uma espécie de ladrão de homens bons. Perdoo-lhe porque num improvável momento tempestuoso, pode dar-me a visão perfeita do arco iris tornando-se uma prenda de suborno que me amacia a alma. Deste modo, o ladrão de homens bons dá-me um sorriso escancarado de sete cores e eu volto a sonhar. O sonho dá-me uns sapatos da cor do sol exageradamente altos para quase, quase tocar as nuvens. Depois, o sonho dá-me outro e mais outro par de sapatos cada vez mais altos até se esgotarem todas as cores do arco iris onde eu, incrivelmente alta e em pontas, consigo chegar ao meu amor. Num momento, estamos os dois, eu e o homem que o céu me roubou.




mz




(fotografia:mz)

domingo, 12 de outubro de 2014

A partida





Serás como estas nuvens cinzentas de hoje.
Vestido a preceito e fazendo jus ao teu fato pardo costumeiro, chegarás com ares de outono. Semelhante a um clássico filme sem cor, recusar-me-ei a ver-te com o rosto pálido de lua e imaginarei que nesse olhar fechado, levarás um sopro de frio nórdico que me roubará a tua cor. Os meus olhos, fixos na tua camisa branca de mortalha, será o mais parecido a uma nesga de sol, e o meu maior pesadelo terá ares de aconchego, porque me faz crer que levarás uma espécie de sol morno. Um eterno sol de outono que nunca te deixará ser gelo nem inverno, porque aqui, continuarás a ter sempre amor. Neste turbilhão de pensamentos, o que me ocorre incessantemente, é a curiosidade de saber se te despediste do Verão. 

mz



(fotografia:mz)

sexta-feira, 3 de outubro de 2014

Um Lugar-comum




Por aqui, hoje, nada se parece com o Outono, e saltando Setembro como  páginas brancas,  deixo uma abordagem singular em que todos reconhecemos o conteúdo.

O sol já rasgou a madrugada e as palmeiras, agitam os leques para fazer sombra ao jardim. Parecem sevilhanas madrugadoras exibindo no corpo roliço, uma agilidade improvável ao abanarem todo um conjunto de bainhas franzidas. São verdes e são lindas, no meu parecer. Uma paisagem comum e sempre diferente, quando ditada pelo mensageiro. Nada do que escrevo, é original pois todos conhecem o sol, a madrugada e as palmeiras.



mz


fotografia: mz