segunda-feira, 16 de setembro de 2013

A Sepultar


Os muros altos servem de sombra aos que se apresentam na despedida. Faz-se sala ao ar livre porque Setembro está quente e contam-se histórias de uma vida comprida. Abraçam-se amigos que não se vêem há muito, e entre uma lágrima contida, uma outra fugidia,  até um sorriso. Tudo se torna solidariedade mansa. Pode-se arriscar dizer-se que até é bonito morrer aos noventa. Porém, a morte nunca é bonita. Há sim mais compreensão na partida, mais serenidade na perda de uma vida velha. Chora-se depois a saudade nas lembranças do dia-a-dia.



mz



imagem: tela de Amedeo Bocchi - pintor italiano
Bianca con geranio rosso, 1928  aqui
 


16 comentários:

chica disse...

A morte aos 90 pode ser mais serena aos que ficam, mas nunca é bom passar pelo momento da perda,não? beijos,linda semana,chica

João Roque disse...

Digamos que há assim como que uma preparação...embora nunca estejamos preparados.
A minha Mãe tem 91 anos...

Laura Santos disse...

Eu diria que uma morte aos noventa anos é aceitável; algo de certa forma expectável possibilitando esse tipo de despedida serena.
A inevitabilidade da morte pressupõe dor e aceitação, mas no fundo as mortes-surpresa sobretudo de pessoas jovens não são apenas terrivelmente dolorosas mas profundamente cruéis.
Um texto bonito que me fez recordar gente que partiu demasiado cedo, mas que vive no meu coração todos os dias.
xx

Rui Pascoal disse...

Serenidade, era assim que gostaria de partir um dia... mas não há pressa.

mz disse...

Chica, sem dúvida que a perda será sempre dolorosa.

Boa semana,
bjs

mz disse...

João, nunca se está preparado verdadeiramente para a perda de alguém.

mz disse...

Laura este texto foi escrito na observação e conclusão de como em comparação são tão mais serenas as cerimónias fúnebres de quem parte já com uma idade avançada.

Concordo inteiramente com o teu pensamento.

xx

mz disse...

Rui, todos queremos ter um fim sereno e todos queremos também ir o mais tarde possível. Só não queremos é saber quando :)

ALUISIO CAVALCANTE JR disse...

Querida amiga

Quando a alma tem fome de beleza,
chegar aqui,
sentir as palavras e o seu perfume,
é encontrar o doce alimento da
alegria...
Alimento que me renova as energias,
quando muito já silenciou pelos caminhos...

A amizade é o alimento da esperança.

mz disse...

Aluísio, as suas palavras são sempre reconfortantes.
Obrigada.

Lilá(s) disse...

Aos noventa também partiu o mês passado a minha sogra, agora sente-se muito a falta...apesar da preparação... fui tudo como descreves serenamente.
Bjs

mz disse...

Lamento a tua perda, Lilá(s).
Os meus pêsames.

Bjs

manuela baptista disse...

é assim, Mz

sereno o teu texto, depois vem a conformação

um abraço

mz disse...

Um abraço, Manuela.

Bom final de semana.

Brown Eyes disse...

MZ não lido muito bem com a morte de quem conheço mas já não lido mal com a minha. Sofrer não é o meu forte e perder alguém...É algo que não quero nem pensar e não é por ter 90 ou 100 que é mais fácil enfrentá-la. Eu lido muito mal até com a morte dos meus animais de estimação. Abolia a morte deste mundo se pudesse. Não tenho medo nenhum desses muros altos. Há pessoas que têm medo de ir ao cemitério, eu não. Houve uma altura que eu visitava os cemitérios da cidade ou da vila como visito um monumento. Um cemitério dá-nos muita informação sobre o povo que habita aquela localidade. Quero agradecer-te pelo carinho e pela companhia que me tens feito ao longo destes anos. Eu andarei por aqui e não perderei o teu cantinho de vista. Já há algum tempo, diria anos, que nos acompanhamos e mesmo atrasada continuarei a ler os blogues que me agradam. Beijinho Grande e, mais uma vez, obrigada.

mz disse...

É verdade Mary já lá vai algum tempo que nos escrevemos por aqui e eu gosto muito!

O carinho e o agradecimento é mútuo e incondicional.

Um abraço grande,

Bjnhs