terça-feira, 27 de setembro de 2011

Pombos...


Alguns pombos... coitados!
Vi-os na Rua Augusta. Plumagem baça, rara, peladas no dorso e patinhas aleijadas. Borbotos de carne esponjosa a nascerem sem precisão... como tumores malignos salientes e encavalitados. Depenicam migalhas aos pés das mesas de esplanada. Enchem-se de gordura, açúcar e poluição. Coitados dos pombos de Lisboa!
Agitam os jornais para os espantarem, os homens que engolem o café e as pragas que lhes gostariam de dizer. Raio dos pombos! Coitados dos pombos, digo eu... que os  pombos da minha memória, não são assim! Os meus pombos, têm pombal caiado de branco e telha lusa que os abrigam. Comem o bago saído da terra, dourado ao sol e estendido na eira. Não os enxotam. Os homens da minha memória, dão-lhes de comer com carinho e, os arrulhos que soltam, são melodias em todas as tardes. Alguns, mensageiros pombos-correios... outros, apenas voam saudáveis e livres.




Fotografia "A Brasileira" - Chiado, Lisboa
Do blogue que muito aprecio, Diário de Lisboa AQUI 
  



Com carinho
Mz

20 comentários:

João Roque disse...

Como deves saber detesto pássaros, é uma fobia; e os lindos pombinhos para mim, só à distância...
Aliás, os pombos degradam os monumentos com os seus excrementos, hehehe...
Beijinho.

chica disse...

É verdade...Tudo mudou! Até os pombos...Hoje são enxotados, chamados de piolhentos, pragas...
Pena,né?

Lindo de ler! beijos,chica

mz disse...

Pinguim,
querido amigo, olhe só se nós tivessemos asas e a mania de defecar lá do alto dos edifícios...
:)

mz disse...

Chica,
é verdade... mas os pombos da minha memória de criança não eram vistos assim, NEM ERAM ASSIM!

Obrigada, tudo de bom!
Bjs

Brown Eyes disse...

Nada é como antigamente, nem a maneira como os pombos são tratados, nem os pombos são iguais. Antigamente tinham pombal e não comiam migalhas, hoje vivem nos telhados e procuram migalhas. Quando alguém os alimenta diariamente, conheço um caso aqui, acaba no tribunal porque junta os pombos ao pé dos prédios e os pombos destroem a pintura dos mesmos. Enfim...Nada é fácil agora, nem a vida de pombo

Anónimo disse...

Não são só os pombos de Lisboa que são tristes, feios e infelizes. Assim são todos os que tiveram o azar de nascer nas grandes cidades do mundo. Como as pessoas, quiçá... E há incongruências ... logo alguém que não gosta de pássaros = aves, tem o nome de pinguim, não imposto, mas escolhido ...
deve habitar, como os pombos tristes e escorraçados, numa grande cidade ...

Eva Gonçalves disse...

Eram menos nessa altura sabes... aqui na minha terra toda a gente dava de comer e mesmo no Porto havia muito o hábito de dar de comer aos pombos que eram vistos com simpatia... mas eles multiplicaram-se de tal maneira que se tornaram uma praga... coo as gaivotas também são encaradas como umas chatas para quem mora à beira-mar porque sujam os edifícios, varandas, etc... o homem ainda não decidiu se quer conviver ou não com as restantes espécies... :)Pessoalmente, também acho piada a umas e outras, mas reconheço que é porque não me sujam vidros e varanda nenhuma... beijinhos

mz disse...

Brown Eyes,
enfim... dizes bem
«...nada é fácil agora, nem a vida de pombo...»

na verdade, nós que até sonhámos ter asas e liberdade viramo-nos contra quem as tem... e isto não se aplica apenas aos pombos.

Bjnhs

mz disse...

Anónimo,
não é hábito pessoas anónimas comentarem o que escrevo e, quando o fazem, deixam sempre uma assinatura... nem que seja inventada na hora.

Concordo com o que diz sobre os pombos do mundo.

Agora sobre o meu amigo "Pinguim" que me comenta à imenso tempo e que eu estimo e respeito...
Ele não gosta de pássaros porque diz ser uma fobia... As fobias são quase incontroláveis temos de admitir.
Quanto ao resto que aqui quer insinuar entristece-me que alguém se aproveite de um texto tão simples como este e de um comentário inofensivo para atingir o que quer que lhe vá na alma.

mz disse...

Eva G.
eu gosto dos pombos e gosto das gaivotas e tenho as duas espécies sempre por aqui a rondar. Os pombos este ano resolveram abordar uma das varandas e tivemos de agir.. e também lhes roguei pragas.. claro! As gaivotas, essas que também são uma chatas e muito abusadoras, adoro quando de manhãzinha as oiço... parece que me trazem o mar a casa!
Enfim... temos de aprender a conviver com os bichos e com todos os seus defeitos, inclusivé os nossos.

Bjnhs

Utópico disse...

Há uns anos atrás nada disto acontecia, até que a população de pombos cresceu desmesuradamente e trouxe efeitos menos bons como a propagação de algumas doenças e a degradação de monumentos e edifícios. Isto levou a que fosse proibido alimentar os pombos, bem como à existência de alguns programas "encapotados" de "redução assistida" de pombos, sempre negado.

De facto tenho saudades daquele tempo há uns anos atrás em que os pombos andavam livremente pela rua, em que quando íamos até ao Rossio, à Praça do Comércio e à Praça da Figueira e onde podíamos comprar a uma "velhinha" simpática um pacotinho de milho para dar aos pombos, e quando estes estavam entretidos a debicar lá iámos nós a correr atrás deles a ver aquela nuvem de aves que voava à nossa volta.

mz disse...

Utópico,
eu comia canja de pombinho lá na aldeia... deliciosa! (Ocultei este facto no meu texto)
Será que com a fome que se adivinha nos próximos tempos, os pombos sejam um animal em extinção? É uma pergunta parva, mas não é de todo descabida perante uma sociedade muito precária em que a fome é sem dúvida um caso real. É um quadro negro, mas nunca se sabe... nunca se sabe o que espera a esta sociedade.

Lilá(s) disse...

Gosto dos pombos da tua memória...
Bjs

mz disse...

Lilá(s)
eu também... e das canjinhas de pombo caseiro :)
Bjs

cavalo disse...

tudo e legal

Diário de Lisboa disse...

obrigado, uma vez mais :)

mz disse...

Cavalo,
tudo!

mz disse...

Diário de Lisboa,
uma fotografia sua, do Chiado - A Brasileira!
Eu é que agradeço a possibilidade de a trazer para aqui.
Obrigada!

Johnny disse...

É como os ratos: também há os de gaiola e bem-amados (hamsters) e os outros... mas ambos, ratos e pombos são uma epidemia das nossas cidades e bichos nojentos transportadores de doenças.

mz disse...

Johnny,
dizem que sim, mas eles apenas procuram sobreviver... e olha que as crianças continuam a adorar os pombos da cidade.