quinta-feira, 18 de março de 2010

VIDAs


Amanhã vou para a aldeia.
Dizem que vai chover... que pena!
Não importa, que chova depois de eu fazer os 250Km de auto-estrada. Ontem, a mãe por telefone disse que o sol desta semana já deu para que a terra encharcada se tornasse mais leve. Isto é importante, não pensem que não!...
Na aldeia, as preocupações vão para além do guarda-chuva ou do calor da gola alta. Lá, o estado do tempo interfere com o que mais tarde irão comer. Por isso, todos andavam preocupados com o atraso da sementeira. As conversas passeavam à volta deste tema quando Março avançou e trouxe o sol.
Os tractores, de charruas agarradas, entraram nos grandes quintais. Lavraram e abriram os rasgos necessários. Homens e mulheres adubaram a terra e por cima, deixaram pedacinhos de batata grelada, depois, cobriram com terra fofa. Eu sei como se faz, já participei na sementeira da batata!

A paisagem altera-se...


O verde que abundava nos rectângulos dos quintais passa a castanho de terra lavrada e semeada.
Esta, passa a guardar VIDA que mais tarde há-de rebentar.






(Imagem: Google)

Com carinho
Mz

 

22 comentários:

Roberta de Souza disse...

Acho sua terra a coisa mais linda do mundo!

A terra de meus avós...

bj

Brown Eyes disse...

MZ também eu. Todas as sextas mas eu faço mais uns quilómetros que tu. Parece que as terras não vão ter tempo para secar, amanhã vem aí muita chuva. O centeio, que já foi semeado já se estragou.
Semear batatas gosto mas apanha-las é que é mais difícil. As costas queixam-se muito.
Bom fim de semana então.
Beijinhos

Sara disse...

Gostei muito deste teu texto. Conseguiste transmitir o que sinto muitas vezes sem o conseguir fazer :)

Eu adoro o campo e os passeios aos recantos mais "Castiços" deste nosso Portugal.

Sentir os cheiros, os sabores. Ouvir as conversas dos mais velhos, conhecer as suas tradições.

É revitalizante e ao ler este teu texto foi isso mesmo que senti.

Obrigado pela partilha! Bjs

Helga Piçarra disse...

E é esse o ciclo da vida, MZ. Em tudo! Boa viagem e que a chuva não te detenha de visitares a tua adorada aldeia. É tão bom poder regressar ás origens de vez em quando!

Beijinhos :)

Melga disse...

Na aldeia, as cores fazem sentido, indicam-nos de forma premonitória as estações do ano. O "atraso " da aldeia é mais avançado que o "avanço" das cidades aqui e ali pinceladas com lojas que anunciam as estações com antecedência oportunista...
A minha aldeia é como a tua aldeia, o verde dá lugar ao castanho para dele emergir o sabor da VIDA...que próximo do azul esverdeado marinho e da azul amarelado celeste nos faz sentir verdadeiros seres humanos e UTEIS...

Bjinho campestre*

mz disse...

*Beta;
é muito bom ouvir bem da nossa terra...
muito obrigada!
bj

mz disse...

Ah... ah... Brown Eyes, finalmente encontrei alguém que sabe como é dura a vida do campo!
Também gosto muito mais de semear do que apanhar. Apanhá-las dá "cabo" das costas... se dá...

um beijinho e boa viagem para ti também.

mz disse...

Sara;
eu adoro ouvi-los (os velhos)!Mas também gosto de pisar a terra descalça...faz bem para descarregar o excesso energia acumulada :)

bjs

mz disse...

Helga;
pois é... semear, colher, guardar, partilhar, fazer crescer o que semeamos na TERRA e na VIDA.

beijinhos e um sorriso*

mz disse...

Melga;
adorei a tua observação... "... o 'atraso' da aldeia é mais 'avançado' que o avanço das cidades..."

Acho que tu e a Brown Eyes ainda vão ajudar na apanha das batatas.

outro para ti*

Olga Mendes disse...

A minha mãe também já reclamou que ainda não semeou as batatas e as ervilhas não deram fruto devido à muita chuva. Estou com esperança que dê para comer as favas. Quem semea preocupa-se com essas coisas e quem come como eu também, quando vou ao Alentejo gosto dos miminhos.

mz disse...

Olá Olga!
eles falam do tempo de forma diferente de nós. As sementeiras têm o seu tempo meteorológico. E este "tempo" não se pode ir comprar ao supermercado, não é?

eu também gosto dos miminhos.

Melga disse...

Se convidares, lá para Julho pode ser que te ajude, como na minha aldeia tens que levar uma boa merenda...sendo assim conta comigo(desculpa esta parte de interesseiro, mas a aldeia tem sabores que a cidade desconheçe).

Bjo*

Lilá(s) disse...

Não tenho aldeia, mas herdei uma com o casamento e tratei logo de a adoptar, gosto do cheiro da terra, da agricultura, das histórias das pessoas, de tudo aquela envolvencia encanta-me, vou lá quase todos os meses e sinto-me rejuvenescer...que bem nos faz a aldeia!
Bjs

estouparaaquivirada disse...

MZ,
Já lá estás...espero que aproveites bem o tempo e que nos tragas de presente umas fotos do teu campo em mudança...
bjs e bom fim de semana

João Roque disse...

É importante olhar para o estado do tempo, não apenas do lado do nosso comodismo diário e urbano, mas também e principalmente como factor de uma fertilidade que se deseja boa nos campos, que sustenta quem os cultiva e não só.
Beijinho.

Diário de Lisboa disse...

espero que a viagem tenha sido boa, e que o sol tenha espreitado.Já cheira a Primavera e bastou um pouco de sol para que muita vida já despontasse. Por falar em semear e apanhar tenho um tio agricultor na beira interior. Gosto muito de lá ir.Aqui há tempos passei uma manhã a apanhar batatas,é duro ,mas foi tudo recompensado com um fantástico almoço onde tudo era da da sua quinta. Um reconforto para a alma e para a barriguinha. Alimentei cabras ,ajudei noutras coisas com sempre tento fazer cada vez que lá vou e vejo tudo o que ele me mostra com grande orgulho.Sei que fiz pouco e que isto parece não ser nada, mas para um Lisboeta de Gema, que nunca pode ir á terra, é uma coisa fantástica que me dá muito prazer.
Mais um excelente texto MZ.Como sempre.
BjS

mz disse...

Melga;
estás com sorte...as merendas nunca faltam! Fazem parte do ritual das sementeiras e das colheitas lá na aldeia.

bjs

mz disse...

Que engraçado Lilá(s), acho que é a primeira vez que alguém me diz que herdou uma aldeia pelo casamento!
Normalmente herdam-se outras coisas :)

beijinhos

mz disse...

Sim... e estava mesmo PApoila!
Mas já regressei. Trouxe fotos e o carro cheio de coisas da terra... nham...nham...

bjs

mz disse...

Estão muito enganadas as pessoas que dizem que só se fala do tempo quando não existe mais conversa, não é PInguim?

beijinhos

mz disse...

Diário de Lisboa;
A viagem foi boa. Choveu e também fez sol... deu para sentir um bocadinho da Primavera em cada jardim, em cada pedaço de terra e nas conversas mais revigoradas.
Agora surpreendeu-me ao dar-me a saber que já arrancou batatas e participou das lides do campo. Então já conhece as durezas e as recompensas de quem trabalha a terra. Tenho a certeza que o seu tio também fica feliz ao saber que pode proporcionar momentos muito diferentes a um Lisboeta de Gema!
Muito obrigada
bjs