segunda-feira, 29 de agosto de 2016

Madrugar ao domingo




Quando se dorme na aldeia, madrugamos sempre, ainda que possamos dormir pela manhã adentro. Eu madrugo, porque os pássaros não me deixam dormir e, as tias também, porque a missa, é às nove. Mas ontem, porque me quiseram mostrar os arrozais, abdicaram da rotina e descemos a encosta, sem pressas. A última casa, na curva apertada, um estendal de roupa estática à fina névoa matinal, sem vento, e ainda sem sol, a fazer lembrar os dias em que a bruma está presa por um fio. No trilho do rio, a poeira já levanta fina e opaca, a cada passada, as dores de artrose ficam esquecidas e, das tias, já não há lamento. Entram numa espécie de encantamento, ganham poderes com o cantar do rio esperto, o voo das cegonhas, os pântanos cobertos de uma penugem de erva tenra e, depois, as espigas ainda verdes a esconder o bago que será maduro, em breve. É uma espécie de feitiço quando entram nos arrozais.



mz





fotografia da minha autoria,
Mz

5 comentários:

chica disse...

Muito bom acordar cedo num lugar assim.Adorei os ninhos das cegonhas! Ótima semana,abraços, chica

estouparaaquivirada disse...

Muito bonito, Mz gostei muito.
Beijinhos

Agostinho disse...

Olá MZ.
Já não vinha aqui há uma temporada. Agora, que Agosto se cumpriu, vamos lá ver se não me esqueço tanto.
Gostei, muito, do trecho que pintou em cores delicadas de alvorada e, ao reparar na fotografia veio-me à cabeça: bonito condomínio aberto das cegonhas. Isento de IMI, claro está.
Tudo perfeito.
Bj.

Brown Eyes disse...

MZ no campo não conseguimos dormir porque se dormimos muito perdemos muita coisa bela. Linda foto. Parabéns. Beijinhos

A Casa Madeira disse...

Gosto muito de acordar cedo e ver a função
do dia...
Essa imagem está linda.
Bom começo de mês.
janicce.