quinta-feira, 8 de março de 2012

Arroz Doce...


Quando estou carente de mãe, faço um tacho de arroz doce. O processo é simples e alivia a distância. Sempre que nos lembramos de nós, a voz ao telefone não chega, nem as palavras amigas que ela me diz ao ouvido. Faltam-me os cheiros da cozinha, os movimentos de tradição e aprendizagem entre nós as duas. Então, por vezes, dá-me a vontade de um arroz doce capaz de nos aproximar assim de uma forma saborosa. Não é gula, mas mimo que existe neste fazer secreto. Eu e a lembrança das mãos que pesam a doçura e o aroma. Tudo sem peso e medida, apenas o que baste ou ainda mais um pouco, como os afectos devem de ser. Um encosto maternal num simples prato, é um embalo de colo com aroma a canela e limão que só eu sei como aconchega. Tudo o que está longe fica muito mais perto. E, a seguir à minha mãe e ao arroz doce, aparecem-me todas as minhas tias e todos os meus primos ainda pequenos a entrarem e a saírem da cozinha. Brincadeiras, choros e berros. Lembranças... Boas lembranças que tenho das minhas tias, cada uma com as suas habilidades, todas elas mulheres de cozinha e tradição.
E pronto...
Mãe, eu tenho a tua mão e o teu cheiro neste prato de arroz doce. Estás comigo, vamos comer.






Fotografia: Diário de Lisboa
The Lisbon Diary blogue,  aqui 


Original escrito e publicado...
Mz

20 comentários:

Brown Eyes disse...

Mz arroz doce...acreditas que andei a treinar há uns anos a fazê-lo? Nunca o tinha feito e andei durante algum tempo a treinar, Já o fazia mais ou menos mas, depois, deixei. Foi assim que aprendi muita coisa na vida: treinando. Diferença, não é? Ainda bem que dás valor ao que tens, muita gente não dá. Agora ando a treinar a fazer enchido mas tenho professor.:) Beijinhos

Unknown disse...

Não sou apreciador de doces e ainda menos de arroz doce, mas confesso ter sentido os cheiros, o sabor, o gosto das mãos da mãe e das tias e de todo o movimento que estas lembranças nos acordam.

Bonito trecho para o dia da mulher.
Parabéns.

Carolina Louback disse...

Nada como comida de mãe, o sabor é indiscutivelmente outro, além do carinho que acalenta. Lindo o teu texto, me fez sentir saudades da minha mãe e domingo estarei lá a saborear a comidinha dela.

João Roque disse...

Adoro arroz doce...

El Matador disse...

tá bonito.

Rafeiro Perfumado disse...

Assim não vale, não me deixas "avacalhar" o texto, pois o arroz doce é algo que me lembra sempre a minha mãe, ainda mais porque sempre que a vou visitar lá está ele, acabado de fazer... Beijoca.

chica disse...

Que lindo e doce de ler...beijos,chica

manuela baptista disse...

comigo

é o pão-de-ló

uma ligação de claras em castelo que a minha mãe me deixava bater e rapar a tigela antes de deitar a massa na forma


o arroz doce e um desenho de canela, muito bonito Mz!

um beijo

Lilá(s) disse...

Apeteceu-me tanto ir fazer arroz doce! porque será?
Bjs

mz disse...

Brown Eyes,
nunca é tarde para se apreder a fazer enchidos, quem sabe não te corre melhor essa aprendizagem?

;)

mz disse...

Luís Coelho,
você é mais salgadinhos, verdade?

Obrigada.

mz disse...

Carolina Tavares,
domingo é já amanhã... um abraço a sua mãe :)

Bjnhs

mz disse...

João Roque,
gulosinho!

mz disse...

El Matador,
gostou da escrita, ou do arroz doce?
;)

mz disse...

Rafeiro Perfumado,
acho que desta vez acertei no teu ponto fraco. Até leste tudo... devoraste e aposto que salivaste, cãozinho!!!

E eu também já merecia um coment a sério :)))

mz disse...

Manuela Baptista,
o pão de ló é também aquela coisa fofa e deliciosa que faz parte das nossas tradições de família.
Aqui, só o faço se tiver ovos caseiros...

Na Páscoa, acompanhamos sempre com queijo da Serra da Estrela.

Em dias de festa, enriquecemos o pão de Ló cobrindo-o com uma mousse de chocolate caseira e fios de ovos... tudo óptimo para a saúde!!!

Um dia não são dias... e basta uma boa sobremesa.


Um beijo também para si!

mz disse...

Lilás,
ahhhhh... fiz crescer-te água na boca?

Bjs :)

Olga Mendes disse...

Muito lindo este texto. A vida faz-se de boas recordações e de bons momentos vividos, os maus deitam-se no mar ou deixamos o vento levar. Beijinho grande.

mz disse...

Olga,
assim o mar e o vento leve o indesejado...
num sopro ou num suspiro!

Obrigada,
Bj

mz disse...

Chica,
mil perdões minha querida, passei por ti e nem te respondi... tu que és a doçura em pessoa.

Um abraçinho,
Bjnhs