domingo, 28 de novembro de 2010

Aldeã...


Um dia chamaram-me Aldeã.

Gosto da palavra.
Nasci na aldeia num tempo em que as mães pariam em casa. Quem me amparou foi uma parteira aflita por ter nas mãos duas vidas. A de uma grávida, minha mãe e um ser pequenino com vontade de vir ao mundo - eu.
Nasci numa madrugada de Primavera e, enquanto toda a aldeia dormia, gritava eu, de vida. Esperneava sem saber quem me sustinha fora do ventre.
Gosto de aldeã, gosto de camponesa. Cresci com o aroma das frutas, cortei cachos de uvas e colhi maçãs, nunca lavrei uma terra, nem me deitei no feno. Doce e feminina, cresci. Tornei-me mulher com a fantasia de me sentir erva aromática exalando  perfume sempre que o amor me acaricia e me esfrega com a ponta dos seus dedos.








Pintura: Julien Dupre

Com carinho
Mz

14 comentários:

Carolina Louback disse...

Que texto lindo! Fiquei encantada pela beleza e feminilidade presente em suas palavras.

Beijos e carinho para ti do meu mar para o seu.

João Roque disse...

Que delícia! Até cheira a campo...
E ao mesmo tempo tão feminino, sem ser piegas.
Lindo!

Johnny disse...

E campónia, gostas?

:)

El Matador disse...

Muito poético. Calhou bem ler este post com a chuva lá fora.

Dylan disse...

Uma aldeã moderna, portanto...

mz disse...

Carolina Tavares;
muito obrigada pela tua sensibilidade.

bj

mz disse...

Pinguim;
o cheiro a campo é do feno da rapariga lá de cima.
:)

um beijinho

mz disse...

Johnny;
tu é que é um campónio!

:)

mz disse...

El Matador;
ainda bem!

Obg

mz disse...

Dylan;
actualizada, é a palavra certa!

Unknown disse...

adorooo =')
vou seguir o blog ;)

mz disse...

Olha que bom!
Fico contente por isso.

mto obg

Lilá(s) disse...

desde criança tenho o sonho de viver numa aldeia, tudo que por lá existe me fascina! nasci no sitio errado pela certa a "cidade".
Beijinhos

mz disse...

Lilá(s)
por isso a tua sensibilidade pela terra e tudo o que nela nasce.

bjs