sábado, 20 de abril de 2013

Altruísmo


Sou Cética quanto ao altruísmo no verdadeiro significado da palavra. A entrega desinteressada de um ser humano a outro ser humano sem qualquer contrapartida, será sempre uma utopia ou um paradoxo a balançar entre a grandeza e a humildade.
Existe Bondade. Existe Solidariedade. Existe Dedicação. A humanidade definhava carente se o homem fosse desprovido destes dons. Os abnegados inquietam-se todos os dias com a miséria do mundo e todas as suas privações. Atuam, tomam providências, e por momentos, o ser humano se aquieta e se tranquiliza consciente de que algo foi feito, consciente de que alguém se confortou.
Contudo, a consciência toma várias formas.
Tenho  por certo, de que toda a bondade e condescendência pelo outro, será sempre uma entrega plena de satisfação pessoal. Assim sendo, Plena de Satisfação, transforma-se no REGOZIJO INTERIOR do indivíduo na sua mais profunda intimidade, ainda que inocentemente, o que  por si só, considero ser uma contrapartida.
 

MZ

Original escrito para
Fábrica de Letras
Tema: Altruísmo

 
 
Tela: Henri Matisse
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32 comentários:

João Roque disse...

Concordo apenas em parte. Pode haver contrapartida na "satisfação pessoal", mas se pesarmos essa satisfação com o que oferecemos, essa comparação pesa por escassa.

mz disse...

Na minha perspectiva, não existe medida ou peso que a possa avaliar.

Mas é a minha opinião.

Utópico disse...

É certo que existe uma contrapartida. Mas será que a podemos definir como o fim último do altruísmo?

Eu acho que não.
Aparte de se tratar de uma "contrapartida" não monetária, na minha opinião a "contrapartida" é uma consequência. É o resultado de sabermos que conseguimos ajudar alguém, de saber que podemos melhorar a vida de quem precisa e que por uma razão ou outra não consegue.

Há algum tempo atrás participei numa ação que visou melhorar as condições de um lar que acolhia crianças em situação de risco. Isto foi feito durante 1 dia, durante o qual não estavam lá, e por isso não sabiam o que se passava.

"Contrapartida"? A ideia foi podermos ajudar já que tinhamos a possibilidade para tal. Claro que a satisfação, o bem estar pessoal, (contrapartida) acabou por chegar no final, mas este não era o fim a atingir.

P.S. - Ainda me lembro de como na altura me arrepiei e quase não consegui conter as lágrimas ao ver a reação daquelas crianças.

mz disse...

Para mim, Altruísmo no sentido de alguém que se entrega totalmente ao outro sem qualquer contrapartida, não existe. E foi nesse sentido que construí o meu texto.

Eu também já fiz trabalho de voluntariado, sei que é emocionante proporcionar bem estar, ou simplesmente arrancar um sorriso.


A "contra partida" jamais poderá ser considerada "o fim último do altruísmo" ou o objectivo principal das nossas acções humanitárias. Mal seria.

Contudo, a satisfação tem por base a consciência de cada um. De quem recebe e de quem dá. É algo muito pessoal.

Carolina Louback disse...

Também sou cética quanto ao altruísmo, mas acho que vale a pena tentar ser melhor, enquanto pessoa, a cada dia.

chica disse...

Nunca tinha pensado dessa forma. Ficou legal!! Bela reflexão! beijos,chica

mz disse...

Carolina, também concordo.

Todos temos um dever para como a sociedade mais desprotegida e indiscutivelmente, com quem está mais próximo de nós. E não se trata apenas de alimento físico, está em causa também o conforto psicológico.

Estarmos atentos às privações dos outros neste momento, aqui em Portugal, é muito importante pois este é um momento de uma crise tão profunda profunda,mas tão profunda que leva famílias à chamada pobreza envergonhada.

Famílias que de um momento para o outro ficam sem emprego, com contas acumuladas e tentam orgulhosamente ocultare não sabem como reagir.

Não deixam transparecer a verdade da realidade em que vivem, e desta forma, só em casos extremos é que pedem ou deixam que os ajudem.



mz disse...

Chica, a minha reflexão foi levar ao extremo o significado de sermos altruístas no ambito do dar e receber de quem recebe solidariedade e de quem dá solidariedade.

Preferi uma reflexão mais filosófica.

Bjs

Poderia trazer aqui uma história de

Laura Santos disse...

É muito difícil para muita gente encontrar esse "regozijo interior", suficiente para poucos como contrapartida. Isso só acontece quando se cresceu enormemente como pessoa. Ser gente é uma coisa, tornar-se pessoa é outra...Mas conheço algumas pessoas que parecem já ter em si verdadeira bondade, quase como se fosse algo de "genético"...
Uma boa reflexão, sem dúvida.

mz disse...

Laura,
(...ser gente é uma coisa, tornar-se pessoa é outra...)

Ora aqui está uma frase que me levou imediatamente para o egoísmo do ser humano.

E se estamos numa época em que a maioria olha apenas para o seu próprio umbigo!

Muitas pessoas vivem alheias a uma periferia. Vivem na sua bolha, vítimas da pressão constante de uma sociedade exigente, da competitividade exercída constantemente nas suas vidas profissionais e pessoais.

Sobre a bondade, pode ser um dom que já nasce com a pessoa,e concordo contigo.
Existem pessoas que parecem ter nascido com um propósito de ajuda constante sem que nos pareça forçada. É inata.

Mas creio também, que este dom ou virtude, esta consciência efectiva de valores humanos se pode trabalhar individualmente, ou em grupos que nos transmitem muito fácilmente a fórmula simplicista de como a podemos disponibilizar em favor dos outros.

Porque nenhum homem é desprovido de bondade, temos a questão de a sabermos disponibilizar.


luisa disse...

Fazer o bem... fazer bem aos outros só pode ser fonte de felicidade para quem o faz. :)

manuela baptista disse...

a entrega aos outros tem necessariamente compensação

ninguém sobrevive afetivamente indiferente, se eu dou, recebo

implica ter prazer nisso

o altruísmo não é gratuito


gostei do teu texto, Mz

um abraço




mz disse...

Luisa,
eu também acho que essa felicidade é uma das "contrapartidas" que eu defendo na minha argumentação.

:)

ALUISIO CAVALCANTE JR disse...

Querida amiga

O bem que fazemos
acalma o outro
e nos salva da solidão.

Acorda a alegria em ti,
como quem acorda uma pessoa muito amada...

mz disse...

Manuela,
eu também creio nessa equação afectiva.

Abç

mz disse...

Aluísio,
a alegria é outra das "contrapartidas" da tese defendida nomeu texto.


Obrigada pela linda mensagem que me deixaste meu amigo.

Rui Pascoal disse...

Se bem entendi, o altruísmo é como os almoços, alguém vai ter que o pagar...
:)

Maria disse...

Qualquer ato altruísta pode implicar satisfação...não penso que se contraponham os conceitos...e tirar satisfação do que fazemos em que caso for não é nada de mau...faz parte do usufruir do que a vida tem para dar...!
Mas embora não concordando com tudo adorei a forma como está exposto e aliás todo o blog...vou ficar por aqui!
Maria

Ariel disse...

Olá Mz,
boa noite,
Eu geralmente sou cético sobre este tópico
porque eu acho que há sempre um "fazer algo para algo"...
mas eu tenho uma contradição,
porque eu vivo fazendo coisas sem interesse =(

Eu não sei,
não deve ser tão complicado

Eu espero que você entenda o meu comentário
meu Português não é muito bom =(
você percebeu?

um grande abraço

mz disse...

Rui,
se assim pensa, quem sou eu!
:)

mz disse...

Maria,
Em todas as perspectivas, dar e receber e vice versa não é nada mau, não senhora!


Muito bem vinda.

mz disse...

Olá Ariel,
boa noite também para si.
Escreve muito bem português e eu entendi-o bem.


Sob todos os aspectos da vida, na nossa, num conceito mais privado e individual ou para com a sociedade e a sua envolvência incluindo este "dar-se" aos outros numa entrega solidária, o fazer algo para algo é o que nos move. Estou completamente de acordo.

"...fazer algo para algo..."

Este seria o slogan perfeito para o que eu expressei no meu texto.

Ariel disse...

Oi Mz,
depois de deixar os meus grãos de areia
estou feliz! =)
um abraço

mz disse...

O mundo precisa de pessoas felizes :)

je suis...noir disse...

Eu também sou um pouco céptica, mas conheço excepções: pessoas que são altruístas no verdadeiro sentido da palavra...

ps: uma vez que fez voluntariado, aconselho o filme: "the machine gun preacher", se já não viu... Acho que é um bom exemplo, e baseado numa história verdadeira.

mz disse...

Essas pessoas atingem um nível de crescimento interior muito elevado. Não é para todos.

Obrigada pela sugestão.

Brown Eyes disse...

Há pessoas altruístas que a única compensação que desejam é a felicidade e bem estar do outro. São pessoas que ninguém conhece porque agem na sombra e é essas que considero altruístas. Pessoas que o fazem naturalmente e que se esquecem delas próprias. Beijinhos

mz disse...

Tambem concordo e acredito na bondade e satisfaçao em fazer o bem para com o proximo. Precisamos cada vez mais dessa consciencia benfeitora com toda a miseria que renasce cada vez mais,infelizmente.

A palavra "altruismo" e ser-se "altruista" ´´e ir muito para alem da simples ajuda ao proximo.

Bjnhs

Sílc disse...

Ser altruísta é difícil. Exige empenho. Não nasce conosco. Temos de cultivá-lo. É nisso que se revela a preocupação com o bem-estar eterno dos outros. Esta sincera preocupação pelos outros é uma das mais fortes forças motivadoras no amor, bem como uma das mais eficientes e benéficas nos seus resultados. Aquele que tem tal amor não exige que tudo seja feito do seu modo.

gostei muito de passear pela sua casa MZ!
Com carinho,
Sílvia

mz disse...

O Altruísmo, é atingir um estado muito especial, não é para todos.

Obrigada por passar aqui e deixar o seu comentário Sílvia,

Abç

amigos das onze horas disse...

De facto, o altruísmo não é para todos. Às vezes as vidas difíceis também tornam dificeis gestos altruistas.
beijinhos

mz disse...

Também é um facto.