Quando se dorme na aldeia,
madrugamos sempre, ainda que possamos dormir pela manhã adentro. Eu madrugo,
porque os pássaros não me deixam dormir e, as tias também, porque a missa, é às
nove. Mas ontem, porque me quiseram mostrar os arrozais, abdicaram da rotina e
descemos a encosta, sem pressas. A última casa, na curva apertada, um estendal
de roupa estática à fina névoa matinal, sem vento, e ainda sem sol, a fazer
lembrar os dias em que a bruma está presa por um fio. No trilho do rio, a
poeira já levanta fina e opaca, a cada passada, as dores de artrose ficam
esquecidas e, das tias, já não há lamento. Entram numa espécie de encantamento,
ganham poderes com o cantar do rio esperto, o voo das cegonhas, os pântanos
cobertos de uma penugem de erva tenra e, depois, as espigas ainda verdes a
esconder o bago que será maduro, em breve. É uma espécie de feitiço quando
entram nos arrozais.
mz
fotografia
da minha autoria,
Mz
5 comentários:
Muito bom acordar cedo num lugar assim.Adorei os ninhos das cegonhas! Ótima semana,abraços, chica
Muito bonito, Mz gostei muito.
Beijinhos
Olá MZ.
Já não vinha aqui há uma temporada. Agora, que Agosto se cumpriu, vamos lá ver se não me esqueço tanto.
Gostei, muito, do trecho que pintou em cores delicadas de alvorada e, ao reparar na fotografia veio-me à cabeça: bonito condomínio aberto das cegonhas. Isento de IMI, claro está.
Tudo perfeito.
Bj.
MZ no campo não conseguimos dormir porque se dormimos muito perdemos muita coisa bela. Linda foto. Parabéns. Beijinhos
Gosto muito de acordar cedo e ver a função
do dia...
Essa imagem está linda.
Bom começo de mês.
janicce.
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