terça-feira, 2 de novembro de 2010

Tempos...



Não são as tuas folhas caídas que me comovem,
Nem o chão atapetado de natureza morta.
Não me comove sentir harmonia no chão desarrumado pelo vento,
Nem as cores maravilhosas das tuas folhas, ainda que presas por um fio num galho frágil.
Excessivamente afogueado...
És Outono.
És caduco.
És perene e abusivo.
Despes a vida e tornas-te quase inconvenientemente sublime.
Sublime e contraditório.
Trazes na morte a renovação.
Mas hoje, tu não me comoves, porque tu és de acordo com a época.
Assim deve ser a tua natureza.

O que me comove hoje é o teu banco de jardim.
Comove-me o teu banco pintado de verde à espera de gente sem esperança.
Sem cor.
Sem rumo.
Gente quase perdida num Outono de desespero.

Comovem-me os tempos que se auguram difíceis.




Fotografia: Soldadodesconhecido


Com carinho
Mz