terça-feira, 27 de novembro de 2012

Correio!



O carteiro é um homem simpático, gorducho. Um baixote com rosto de peixe-lua mas de sorriso aberto. Bonacheirão é uma palavra que lhe assenta na perfeição. Hoje cruzámo-nos, e ele, corado de pimentão, estende-me a mão com fineza. Em jeito de desculpa solta um sussurro já arrependido...
- Tem uma encomenda. Vem de Lisboa e tem O Rio no remetente.
- O Rio?
Soltamos uma gargalhada cúmplice e, num dueto desafinado aventámos:
- Que encomenda estranha!
E era o Rio. O Rio  de Janeiro embrulhado em rosa, aquela cor dos afectos. Um mar distante que se faz perto por singelos gestos carinhosos. Um cheiro de Café com Canela, de morena com graça que vem e que passa, mas sem  eu a ver. Desencontros que se acalentam com a doçura e apreço de um laço.
O carteiro trouxe-me uma prenda da Carolina aqui que está de visita a Portugal. Uma prenda trazendo a emoção, o pão e o açúcar que alimenta o entusiasmo humano.
Mz
Imagem: Paul Klee