terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Quieta...


Já é tarde, muito tarde...
De cabeça cheia, não consigo dormir, nem me apetece ler.
Às escuras, subo a persiana e sento-me à beira da janela.
As salas iluminadas denunciam que ainda existem pessoas acordadas a esta hora.
Ao contrário da aldeia, onde uma noite de Inverno é mesmo escura, aqui, tenho luz suficiente para ver e observar o que compõe a outra face do dia.
O jardim do condomínio fica toda a noite iluminado com globos fluorescentes que me fazem lembrar pequenas luas cheias.
Fico assim, a olhar... quieta... só me mexo para escrever o que esta noite de Inverno me dá.

Não se vê a lua, nem as estrelas.
O céu carrega uma névoa de cinza molhada e chove...
Por vezes, o vento sopra de rajada e as palmeiras do jardim, furiosas, sacodem a chuva agitando os leques tal qual o vento quer.
Aninho-me mais um pouco no conforto do cadeirão e aconchego-me.
Ainda do lado de fora, no vidro da minha janela, colam-se gotas minúsculas de chuva dando-lhe uma textura diferente. Por vezes, uma, desliza pelo vidro formando uma serpentina de água doce.
Permaneço quieta e silenciosa.
O registo do tempo físico e meteorológico é também o meu registo em sintonia com a natureza.
Precisava desta pausa, deste observar silencioso...





(Imagem: Google)



Com carinho
MZ