terça-feira, 7 de janeiro de 2014

Ano Novo





Da minha janela tenho um olhar inquieto para todos os telhados que alcanço. A paisagem não me pertence de todo, nem tão pouco poderei dizer que é uma paisagem espetacular. Fisicamente é apenas um ondular lusitano que cobre a maior parte das casas de todos nós. Alegre e colorida quando faz sol, melancólica quando chove e ausente de cor quando cai a lua. São olhares a prazo e passageiros como a vida. São estados de graça também. E na fragilidade do barro de que são feitos todos estes telhados e todas as inquietudes guardadas em cada olhar, o contraste com a grandiosa força do planeta. O movimento. O tempo que arrasta o homem com todos os seus humores e atitudes. Uma espécie de presente. Um ano novo por ano, todos os anos.


mz



Imagem: tela de Maluda,  Lisboa 1988
Pintora portuguesa aqui e aqui