domingo, 1 de dezembro de 2013

Dezembro



A propósito de Dezembro, relembro a bondade dos homens. Não por ser quase natal, mas por causa do meu amigo António que um destes dias me mostrou com orgulho um dos Livros de Caixa que entre outras coisas herdou de seus pais. Juntamente um pesado cofre de quatro pés. Nesse deve e haver, registara o seu pai, todos os movimentos do ano de 1954. Com letras e números mais desenhados do que escritos, ficou o apontamento de que a sua velha e pobre padaria lhe rendera dinheiro suficiente para prosperar. Construíra uma casa nova que lhe custara sessenta e quatro contos e setecentos escudos. Incluindo a nova e  moderna padaria com balcão de atendimento. Na sua inauguração, cozera e distribuíra pão a todos os pobres da aldeia e outros que conhecia. Um dia feliz e solidário descartado da memória, pois a nossa geração nunca ouviu falar deste gesto de bondade salvo nas memórias dos números do livro de razão. Numa visão simplista, digo ao António que podemos concluir que o pão mata a fome e enriquece os homens e o António responde-me com orgulho que ter um pai bondoso não tem preço. 



mz




Imagem: Tela de Armanda Passsos
Anjo do Céu, pesquisa google