domingo, 2 de fevereiro de 2014

Máquina de Costura





Nunca gostei de dormir sestas e sabes que vou sempre contrariada. A canseira da brincadeira acaba por vencer. Depois, acordo devagarinho como tu dizes que se devem acordar as crianças. E acordo sem birra. É Verão. O tac-tac corrido ecoa longe e mistura-se ao compasso do meu coração.
- Acordaste-me avó!
Esqueço os chinelos. Corro afogueada arejando os caracóis e fazendo lágrimas de aragem nos meus olhos. Dou-te um beijo a correr e fico ali defronte a ti. Quieta. Quase sempre poisada num só pé e debruçada sobre uma das esquinas da mesa da máquina de costura. Fascina-me o mecanismo da roda e do pedal que gira como se fosse a minha bicicleta de rodinhas. Estou em crer que quero ser engenheira como o pai para ver como acontecem as estradas de pontos na roupa que sabes fazer.

mz


 imagem e texto inspirado neste Blogue