Hoje vou descrever uma coisa.
Uma espécie ruim e pica miolos com pouco tutano. Um apêndice minúsculo de inteligência e de esperteza farta. Uma besta que se move em pequenos saltinhos como se quisesse chegar às coisas mais altas. Nariz farejador e sempre alerta. Um sopro de estiagem desértica, por onde passa, seca. Um sugador de estabilidade. Estratega de mau estar. Cego e obcecado. É o monstro dos três olhos. Uma massa que veste a pele humana. Nem toda a gente sente ou vê o que o seu pequeno corpo guarda. Três olhos estranhos, em sítios vulgares. Quem sentiu o sopro, descreve-os bem.
O primeiro olho, no cimo da sua cabeça. É o olho que vê sempre para cima. Da sua íris, sai-lhe uma espécie de língua viscosa adaptada aos chefes que tem de lamber. O olho Lambe-botas.
O outro, o segundo, centrado no umbigo. Tem a função de autoproclamar o monstro como o maior e infinitamente melhor que todos os outros. O olho Egocêntrico.
O terceiro é o olho sesso. Uma espécie de abertura reguladora da sua desorientação espacial. Quanto mais desorientado, mais espalha. É o olho excremento.
O outro, o segundo, centrado no umbigo. Tem a função de autoproclamar o monstro como o maior e infinitamente melhor que todos os outros. O olho Egocêntrico.
O terceiro é o olho sesso. Uma espécie de abertura reguladora da sua desorientação espacial. Quanto mais desorientado, mais espalha. É o olho excremento.
Uma espécie dentro da própria espécie humana. Uma espécie que tresanda, sempre em evolução. Cuidado. Tem crias.
Original escrito e publicado…