sábado, 24 de outubro de 2015

A física, a matemática e a magia das coisas.



Começamos por abrir uma janela e olhar o mar. Sem romantismos. Distraímo-nos com as marés cadenciadas, as construções dos molhes com toneladas de pedra e os mastros cilíndricos das bandeiras. Vemos veleiros ancorados que desafiam a física e vemos pessoas que caminham em passeios rectos ou curvos, sentadas em esplanadas com mesas retangulares a saborear um vinho cheio de complexidade de aromas. Assim, sem romantismos, tudo parece química e matemática sem fim. Pegamos na máquina fotográfica e fotografamos este momento, transformando-o numa imagem fixa. Uma fotografia estática. Mas nós queremos mais do que isto. Deixamos a química e a matemática, guardamos a máquina fotográfica, fechamos a janela e a porta de casa e descemos até ao mar. Assim, sentamo-nos bem perto do mar, e num pensamento esperançoso, esventramos o seu interior e descobrimos na magia, ainda mais magia. Divagamos e conspiramos, especulamos os sonhos de um eterno recomeçar. Queremos a filosofia, queremos o romantismo e a poesia para equilibrar a matéria exata. Contudo, o mar permanece igual.


mz



imagem do ilustrador Berkozturk (captivity)
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