Estavam ali há anos aqueles cedros. Velhos e secos, apenas
alguma ramagem verde conseguia segurar a decisão de não os cortarmos rentes e
substituí-los por outra qualquer vedação. Hoje, encontrámos neles, três bicos amarelos
e esfomeados de passarinhos. Expoente máximo da primavera e passámos a falar
baixinho. Ela, na sua velha idade, lembrou-se de uma época em que sobre a barra
da sua robusta cama de casal, numa verdadeira seda em tons de pérola sobressaíam
quatro pássaros garridos em delicadas pinturas. Gosta da fantasia de acrescentar
magia e como se ganhassem vida os chilreios das pinturas, a embalassem nas noites de insónia
ou a ajudassem a elevar aos céus em momentos de intimidade.
mz
fotografia: mz
10 comentários:
Que lindo e que beleza de encontro! As recordações que vieram à tona, alimentam o encantamento...Gostei de ler! bjs, chica
Obrigada chica, saudades. Irei visitá-la em breve.
Bjs
Que a tua presença na imagem que os cedros te provocam te faça recordar que deves continuar a escrever não dois mas muitos mais textos no sedoso enquadramento do teu blogue...ainda recordo os tempos em que fazias isso, tudo muda na vida MZ, tudo! Ficam as pequenas lembranças que nos transportam às maiores recordações de um tempo vivido, sofrido, por vezes perdido mas que transportam lado a lado...isso é viver e estar vivo!
Beijinho grande MZ***
Em resposta ao teu comentário do post anterior, sim, ainda ando por cá, mas completamente desmotivado. Esta não é a blogosfera que eu conheci e gostei...
MAriavaicomasoutras, obrigada pela tua presença.
Bjs
João, estive fora uns tempos e estou a retomar lentamente. Muita coisa está diferente isso é um facto.
Cedros... ciprestes sao todos da mesma igualha. Logo haviam de secar, de inveja, pelo amor que ali se fez presente. Que os bicos amarelos se tintem bem e abram as asas para outro lugar.
Texto encantador, MZ.
Muito obrigada Agostinho.
Essa é a natureza no seu melhor: precisa do seu tempo, seguir seu ciclo, à sua maneira, não à nossa. As folhinhas verdes asseguram a vida que ainda não se extinguiu e, para além de tudo o mais, mantém a vida de outros assegurada, sendo o ninho dos pássaros, sendo a magia de quem se recorda de outros tempos, que não foram os nossos mas foram os seus.
Não pude deixar de fazer a associação dos cedros velhos e secos à própria vida com seus mistérios. Às vezes, quando a esperança já se foi, há muito, eis que, do quase-nada, surge um desabrochar qualquer que nos dá novo alento.
bj
Carmen, gostei muito da sua interpretação.
Obrigada e seja bem-vinda.
Bjs
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