Se não fosse homem, digo que seria gaivota. Não teria pés,
nem teria de contar euros para comprar botas no inverno. Estou certo que muito
me agradariam as palmuras dos pés para calcar o mar e poder correr sobre as
águas. Sem milagres. Andar lá, apenas porque o poderia fazer. Assim, de um modo atabalhoado, agitando asas e salpicando tudo mar afora.
Se não fosse homem, volto a repetir;
seria gaivota, e a par do impressionante caminhante aquático, o VOO SUPREMO. O abrir de asas e o silêncio do vento arrepiando desejos. Voar mais e mais até
me doerem aqueles ossos ocos de ave frágil.
No meu corpo de homem, um rasgo de cinza para acompanhar a cor de fundo,
que no fundo do meu ser, teimo em dizer que todos temos um pouco deste tom de
lua sem brilho e sonhos de ser muitas vezes, o impossível.
Mz
Fotografia: Terreiro do Paço
Do blogue de fotografia Diário de Lisboa
24 comentários:
Lindo! ¨...teimo em dizer que todos temos um pouco deste tom de lua sem brilho e sonhos de ser muitas vezes, o impossível.¨
Beijos
Se não fosse homem seria sempre qualquer coisa....
Um texto agradável e com motivos de reflexão.
Votos de uma boa semana.
Uma boa reflexão! E uma boa escolha, o ser gaivota!
Beijo
Muito bonito o texto, como sempre. É um orgulho participar neste projecto.
bjs.
Carolina, como diria Rui Veloso na canção - Lado Lunar - " ... nem eu nem tu fugimos à regra..."
Obrigada,
Beijos
L.R.C.C.
qualquer coisa para mim teria de ser especial...
Votos retribuídos!
Diário de Lisboa,
eu é que agradeço a liberdade que me dá de poder escrever a partir da sua sensibilidade de fotógrafo.
As fotografias das gaivotas estão soberbas!
Obrigada.
Bjs
Isa, Lisboa
eu também acho :)
Beijo
Também queria ser gaivota! que tal voar na mesma área? seriamos amigas hem!
Brinquei com a ideia mas, digo-te que o texto está um espanto!
Bjs
todos temos um pouco desse tom
e aluados somos, quilha de gaivota a desejar o impossível
muito bonito o teu outro Ser, Mz!
um abraço
Lilás, poderíamos voar juntas, com muito gosto!
Aviso já que não gosto de lixeiras, e adoro peixe fresco :)
Bjs
Manuela,
o cinzento, é de facto um tom que arranca de mim as mais profundas reflexões. É mais forte do que eu.
Obrigada,
um abraço para si também.
As gaivotas fazem parte de Lisboa,
sem elas o Terreiro do Paço não
seria o mesmo. Elas estão cada vez
mais se transformando e aproximando
do ser humano...parecem carentes de
sair da água e estarem em terra.
Que os seres humanos não lhes façam
mal e elas tenham cada vez mais
confiança na aproximação.
Saudações
Irene Alves
MZ excelente e a última frase deixa qualquer um sem palavras. Beijinhos
Irene Alves,
nem o Terreiro do Paço, nem o mar, nem o céu, nem nós... Elas fazem parte do quadro natural da nossa vida.
Mary Brown, o impossível deixa sempre qualquer um sem palavras, bolas!
Beijinhos :)))
Li o texto e recordo-me do tempo em que te conheci nestes meios, da tua admiração pelo mar e pela universalidade que o mesmo nos transmite...o som das ondas, o esvoaçar das gaivotas e termino dizendo que se não fosse gaivota ...só podia ser homem!
Um grande beijo(que não te dou faz muito tempo)e continuas a ser uma bloguista para admirar***
Mariavaicomasoutras,
a admiração pelo mar continua, será para sempre.
Não poderei deixar de admirar vocês, os leitores que ainda me lêm ao fim de tanto tempo.É gratificante. Obrigada.
É pena eu ser averso a pássaros: então a gaivotas...
Eu já sabia que iria ter um comentário do género. Lembrei-me de ti e da tua fobia a penas!!!
De regresso?
Bj**
MZ este teu post deixou-me baralhada. Se não fosse homem...Estou certo...Estava eu convencida que eras mulher. Beijinhos
Em tom de poesia é a oportunidade de poder ser o que quizer... mulher, homem, ave, vento, pó ou nada...
xx
Bonito!
Só para pessoas sensíveis!
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